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Não gostei

Por: Luiz Carlos Prates

17/03/2016 - 04:03

Não gostei, li a história e fiquei tamborilando os dedos sobre a mesa… A tal história envolve uma decisão do Pelé. Uma história que se confunde com outras que já contei aqui várias vezes, mudando apenas nomes e endereços mas com roteiros por igual e final… final, digamos, de novela…

Se o Pelé tivesse 40 anos eu o deixaria livre para fazer o que bem entendesse, mas o Pelé já tem uma certa idade, e uma pessoa com essa “certa idade” quando toma algumas decisões está na verdade passando uma mensagem que talvez nem ela tenha consciência clara do seu significado… O assunto está escuro, falta luz? Vou puxar a cortina. Veja esta manchete:

– “Pelé vai leiloar dois mil objetos da carreira”. Num primeiro momento, o entendi. Pelé deve ter milhares de “chaveirinhos” que lhe foram dados ao longo dos anos. Não, nada de chaveirinhos, Pelé vai leiloar os símbolos de sua vida, isto é, sua própria vida. O leilão será em Londres nos próximos dias e dentre os objetos leiloados estarão, por exemplo, as três medalhas de campeão do mundo. Camisetas famosas, a bola dos 1000 gols, símbolos máximos da vida do Pelé.

Se eu fosse amigo do Pelé diria a ele que o entendo, livrar-se dos objetos queridos e que foram conquistados quando estávamos nos elevados do ânimo e das lutas faz sentido, aqueles objetos nos fazem lembrar que “já fomos”… Incomodam. Mas há uma outra questão muito séria nessa decisão do desapegar-se do que nos significa um resumo da própria vida: quando alguém decide “doar” tudo o que lhe foi de mais significante na vida está se desapegando simbolicamente da próxima vida. Todas as histórias parecidas de que disponho nos meus arquivos não acabaram bem. As pessoas tomaram a decisão e…

Não faz isso, Pelé, fica com o que é teu e símbolos da tua vida, ainda que isso te faça sofrer pelas lembranças do passado sem volta… Um dia, se for o caso, alguém por ti e em teu nome quiser queimar, doar, vender, o que for, que seja, que o faça. Não tu. Mas eu te entendo, esses objetos só têm valor para quem os justificou. Imagine, mostrar para uma visita em casa cada uma das 3 mil medalhas ganhas ao longo da vida… E assim com tudo o resto. A tentação é grande, desfazer-se disso em plena vida, mas isso pode significar, para o inconsciente, um não mais ter vínculos com a vida… Quando jogamos fora os símbolos da nossa vida, estamos jogando fora a própria vida. Cuidado.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.