Morar na lua – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

11/04/2024 - 07:04

Se eu estivesse num programa de televisão, num programa de perguntas e respostas, e o apresentador me perguntasse: – “Prates, o que você acha da ignorância, a ignorância é uma coisa boa ou ruim, hein”? Eu responderia que a ignorância tanto pode ser coisa boa quanto ruim, tudo vai depender da situação. Ignorar algo de ruim, que não nos ajuda em nada é uma benção. Ignorar o que não devemos ignorar é uma danação. Como tudo na vida, depende do momento. Vou dar um exemplo. Por ser cidadão e jornalista preciso viver bem-informado, tanto quanto possível. E estar bem-informado tira-nos da ignorância do que acontece, e isso é bom, mas… Deixa-nos em frangalhos, as notícias são, por maioria absoluta, desastrosas, deprimentes, causadoras de apreensões, sofrimentos, depressão, tudo de pior. Claro, se a pessoa for uma desligada, nem aí para nada, para ela tanto faz quanto tanto fez, mas, convenhamos, esse tipo será enganado por todos os poros… As notícias só são “Notícias” se forem ruins. E até conheço jornalistas que pegam um notícia “morna” e a transformam numa brasa incandescente, assustadora. Por outro lado, paradoxalmente, boas notícias não agradam a maioria. Se algum dos nossos “amigos” ficar sabendo que ganhamos na loteria, ah, vamos receber as piores e silenciosas pragas possíveis. – “Ah, tu estás julgando os outros por ti”! É o que muitos vão dizer, mas nós sabemos que é assim. Torcer pelo sucesso de uma pessoa que nos é conhecida, próxima mesmo, não é para qualquer um. E assim com tudo. Logo, serão mais ouvidos, mais lidos, mais comentados, mais procurados os que sempre têm algo de assustador para nós contar. Óbvio, desde que a notícia ruim não nos envolva. Quanto mais gente por perto, quanto mais crescer a nossa cidade, mais as coisas vão se encaminhar para o pior. Podemos ter de tudo o de que precisamos “materialmente”, mas como dizia o Cristo, nem só de “pão” vive o ser humano. Pão aqui querendo significar materialidades. Se alguém der uma gorjeta, uma esmola, não faltará quem diga que a pessoa quis, ou quer, aparecer, mas… Se mandar um vadio trabalhar, ah, é pessoa cruel, não entende das diversidades, nem do sofrimento dos pobres. Pensei em morar na lua, fugir, mas vai saber se não há internet por lá…

VIDÊNCIAS

Sempre vamos encontrar pelas esquinas de nossas vidas uma vidente, um profeta, um bobão a achar que pode prever o futuro. Semana passada, em São Paulo, uma idiota previu a vitória do Santos contra o Palmeiras. O Palmeiras venceu e ganhou o título. Foram entrevistar a vidente? Sempre há trouxas para tudo, para jogos de vidência, cartas, búzios, tarôs, mãe Joana, de tudo… Nunca houve um vidente ou um profeta entre os humanos. Tudo invenção gerada pelos desesperos humanos.

GOSTEI

Gostei, gostei muito da ética da empresa farmacêutica americana “Ely Lilly”. Ouça esta manchete mundial: – “Parem de usar remédios para emagrecer por vaidade, pede farmacêutica”. Chegamos a esse ponto, remédios que devem ser rigorosamente prescritos por médicos éticos para melhorar a saúde de diabéticos e obesos mórbidos, estão sendo usados por pessoas saudáveis, mas que querem ficar “delgadas”, elegantes por pura vaidade. Ah, vão ler um livro, trouxas do espelho, trouxas!

FALTA DIZER

Foi Cecília Meireles quem escreveu: – “A vida só é possível reinventada”. Depois dos 40, sem dúvida, sem mudanças e readaptações a vida vai se tornando um caldo azedo. Mudar, buscar novas visões e adaptações é indispensável para evitarmos desencantos e desânimos… E ninguém está impedido de mudar.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.