Jaraguá do Sul vive, neste mês, um momento simbólico de reencontro com sua própria história. No Museu Histórico Emílio da Silva, a exposição “A Presença Negra em Jaraguá do Sul: Invisibilidade e Resistência” convida a cidade a olhar para capítulos que, por muito tempo, permaneceram à margem da narrativa oficial.
Organizada em dois blocos, a mostra revela, primeiro, como políticas públicas, leis e práticas sociais contribuíram para o apagamento da população afrodescendente — como exemplifica o antigo “Morro da África”, atual bairro Boa Vista, espaço que abrigou famílias silenciadas pelos registros oficiais. No segundo bloco, “Resistência”, ganham luz as pessoas e comunidades que permaneceram, criaram raízes e ajudaram, de forma decisiva, a moldar Jaraguá do Sul.
Esse resgate histórico se soma à programação especial promovida pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), em parceria com entidades representativas. Nesta quinta-feira (20), a Via Verde será palco de uma grande celebração pelo Dia Nacional da Consciência Negra, com apresentações culturais, música, dança afro-brasileira, batalhas de rima, exposições e a Feira Afroempreendedora.
As tendas temáticas — dedicadas às religiões de matriz africana, fotografias, trançados, artesanato, bonecas Abayomi e empreendedorismo negro — ampliam o diálogo e aproximam a comunidade desta herança que sempre esteve presente.
Mais do que celebrar, o evento reafirma o compromisso de Jaraguá do Sul com a diversidade, o combate ao racismo e a construção de uma cidade mais justa. Reconhecer a presença negra é reconhecer a si próprio — porque a história jaraguaense é plural, rica e construída por muitas mãos, mesmo aquelas que por tanto tempo foram invisibilizadas. Hoje, o município dá um passo importante para que essa história finalmente seja vista, ouvida e valorizada.