Antídio Aleixo Lunelli
Deputado estadual
Hoje, meu convite aos leitores é para uma reflexão sobre um tema extremamente importante: a educação formal, que é diferente da educação que trazemos de casa. A educação, de modo amplo, é a que trazemos de casa, do berço familiar e completamos com as vivências. A Educação Formal é aquela decorrente da vida escolar vinculada aos sistemas de ensino.
Fui alfabetizado em uma sala de aula multisseriada, modelo no qual o professor ou a professora que alfabetizava também ministrava aulas para a primeira, segunda, terceira e quarta séries – até então – primárias. O mesmo educador também se encarregava de preparar a nossa merenda – se houvesse.
A entrada na quinta série ginasial – hoje sexto ano do Ensino Fundamental – só acontecia se fôssemos aprovados no “Exame de Admissão”.
O Departamento Nacional de Educação redigia o exame dentro do rigor previsto em lei e expunha os documentos exigidos para a inscrição, os conteúdos das provas e correção, procurando padronizar os exames no país.
Os alunos do então Ensino Primário que desejavam ir para o Ensino Ginasial tinham que se submeter às provas escritas e orais em quatro áreas de conhecimento: Português, Geografia, História e Matemática.
Os alunos só teriam acesso a uma instituição de ensino secundário com a aprovação nos testes de admissão. O aluno que não fosse aprovado teria que esperar um ano para refazer as provas, o que lhe atrasava a formação.
Por que estou citando tudo isso? Para relembrar aos que sabem e dar conhecimento aos que nunca viram ou ouviram falar no assunto – do quanto os professores ensinavam e de como era sólida a formação escolar.
De lá para cá, muita coisa mudou, inclusive, a “ginástica” que se faz para que o aluno não reprove o ano letivo. E outro dado divulgado recentemente me chamou a atenção.
Nos últimos 10 anos, segundo o Ministério da Educação, 60% dos professores concluíram a licenciatura, ou seja, tornaram-se aptos ao exercício da docência, via formação do chamado Ensino a Distância.
E com isso, devemos nos perguntar, quem confiaria a obra de construção da sua casa ou uma obra pública complexa para um engenheiro com formação completamente a distância?
E uma cirurgia com um médico que se formou na mesma modalidade? Como um profissional de enfermagem aprende a fazer a punção de uma veia a distância?
E se o professor é a base da formação do aluno, eu me questiono, com um aprendizado completamente a distância, qual será o resultado? Porque preciso lembrar que quando se fala de graduação a distância, está-se a falar de curso de 2 anos com basicamente envio de tarefas digitais e vídeos explicativos, enquanto que uma licenciatura presencial é de, no mínimo, 4 anos, repito, presencial.
Ranking do IMD, com 63 países, que mede a capacidade de uma nação de formar e manter talentos, trouxe o Brasil em penúltimo lugar da lista, ficamos na frente apenas da Mongólia. Na América Latina, estamos atrás da Argentina e Venezuela. No PISA, índice educacional internacional que ranqueia as habilidades de leitura, matemática e ciências, o país ocupa também a rabeira.
Algo está muito errado, se o sistema educacional brasileiro obedece a uma lógica perversa de que quanto mais ladeira abaixo nos ranqueamentos educacionais, menor é, não só o tempo de formação do professor, como também mais distante ele fica do próprio mestre que o ensina.
Pensemos neste momento em uma nação rica e próspera com baixos índices educacionais. Agora façamos outro exercício: citemos um país de mazelas com excelentes níveis educacionais. Não há. Nem um, nem o outro. A riqueza de uma nação e a excelência educacional estão vinculadas como nos mostra a História.
Não dá mais para achar que educação se resolve com projetos relâmpagos sem profundidade alguma, com boas intenções e com muita gente se apropriando do tema apenas para o belo retrato. Queremos boa educação? A fórmula é simples: professor com formação sólida, com acesso a professores de formação irretocável e com currículo ao encontro da boa prática educacional.
Por último, o Estado quer investir na graduação universitária? Ok, mas não podemos esquecer que a prioridade é o Ensino Fundamental e Médio com a consequente necessidade de formação dos professores que, repito, não pode ser aquela a distância de baixo custo, sob pena de o professor não saber ensinar porque, por certo, também não foi ensinado. Simples assim.