Você já sabe que nos revelamos na hora ao abrir a boca. Ninguém escapa. Uma das minhas frases favoritas garante – “Fala, se queres que te conheça”. Irretocável, ninguém escapa…
Agora vou contar um fato, prosaico, comum, mas… Mas que pode servir de alerta para muitos de nós…
Aconteceu esta semana. Fui a uma lotérica com uma amiga. Ela ia pagar uma conta. Entrou na fila, na fila maior. Ao lado, havia outra fila, menor, a fila dos idosos. De repente, chega um sujeito de bermuda, sandálias, um tipo, e uma cara de uns 70 anos. O imbecil entrou na lotérica, olhou as filas e, imagino que querendo ser engraçado, disse em voz alta: – “Ah, esta fila está melhor, a fila dos pé-na-cova”. Referia-se à fila dos idosos. Ouvi e desejei a ele, silenciosamente, que morresse na semana que vem…
– Ah, Prates, mas tu és muito chato, tu levas tudo ao pé da letra, o homem estava apenas brincando…! Sim, podia estar brincando, mas nossas brincadeiras deixam passar o que pensamos dos outros, da vida, de tudo.
Um modo de pensar é repassado aos lábios, e um modo de pensar é como a pessoa vive. Se o sujeito se acha, ou acha os outros, aos 70 anos com o pé na cova, ele está com o pé na cova. As palavras têm grande poder, energia. Nosso inconsciente não separa verdades de brincadeiras estúpidas, grosseiras, ele cumpre “ordens”. Se o imbecil acha que tal idade é pé na cova, ele está com o pé na cova. É a força do querer, a força do falar…
Numa festa conhecemos pessoas, geralmente pessoas que se vestiram um pouco melhor, fingem bons modos e exageram nos sorrisos falsos, contudo… Não vão deixar de dizer o que são ao abrir a boca. E não adianta a pessoa tentar enganar os outros, tentar parecer simpática, educada, o que for, as frases e o modo de falar a vão revelar.
É bem oportuno o ditado que diz que – Quem tem ouvidos de ouvir e olhos de ver descobre todos os segredos alheios. E essa descoberta é ajudada pela pessoa que temos diante de nós, pelos seus modos inadvertidos. Mas é bom lembrar que nós somos os outros dos outros. E para terminar: se apurarmos olhos e ouvidos, ninguém mais fará negócios com ninguém e menos ainda casará…
Camisinha
Quando uma pessoa tem idade e não tem juízo é velha, velho. Quando tem é idosa, idoso. Ouça esta. Ela tem 68 anos e deixou-se infectar pelo vírus HIV. Numa entrevista disse que “Nunca liguei para camisinha”. Pois é, por não ter informação ou consciência arrumou um problema para o resto da vida. E quantas fazem igual a ela? A maioria. E nem falo das casadas, que se entopem e danam a saúde com pílulas anticoncepcionais porque os maridos não as permitem “pedir” camisinha. Quanto às solteiras, nem se fala; os namorados mandam nelas… Mandam, eu disse.
Falta dizer
Guria, para de te embonecar, esses exageros não te vão levar a nada. Dá um tempo. Estuda mais, te capacita, não deixa nada de sério para amanhã e… Começa já a plantar a tua independência financeira. Ou vais esperar por um “patrão/marido” para viver sob jugo o resto da vida?