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Crenças humanas

Por: Luiz Carlos Prates

24/02/2018 - 12:02

Às vezes, eu penso que é estupidez pura. Não deixa de ser, mas é também desamparo existencial. Vou explicar. O ser humano através dos séculos cria crenças, superstições, religiões, ritos de todo tipo, tudo para se defender da consciência implacável da morte e, claro, para fugir das inquietações do presente. Falei em superstições? Pois tenho um exemplo, nem sei bem se é superstição ou outra coisa. Foi assim:

Estávamos todos na sala, na casa de um amigo especial, um colega veterano do jornalismo. Lá pelas tantas, entre coquetéis, risos e muitas bobagens, o dono da casa atirou-se numa poltrona e jogou longe os chinelos, aquele gesto que todos já fizemos uma vez, nada educado, mas entre amigos passa…

Ocorre que um dos chinelos caiu virado para baixo, isto é, com a sola para cima. Duas senhoras, veteranas, saltaram para desvirar o chinelo dizendo que chinelo virado dá azar, que o pai da pessoa – ou alguém próximo – vai morrer. Credo, Santo Deus, de onde tiraram que chinelo virado dá azar? Não sei, só sei que sei disso faz anos e anos.

E assim com muitos e muitos gestos e vivências humanas, como aquela história de que gato preto traz má sorte, isto é, azar. Pobres dos gatinhos pretos. O que deve ter acontecido é que um estúpido um dia tropeçou numa pedra, esborrachou-se e foi ao chão no exato momento em que um gatinho preto lá do outro lado da rua voltava para casa. O estúpido que caiu viu o gatinho e o associou ao tombo. Deve ter sido isso ou parecido. E assim, com incontáveis superstições, crenças baratas e, claro, fundamentalmente “verdades” religiosas, como o batismo nas águas e o mais que anda por aí. Cresci ouvindo dizer que se uma criança morresse antes do batismo não iria para o céu, iria para uma instância idiota chamada de limbo… O que é limbo mesmo? Pergunte, leitora, aos seus filhos adolescentes por limbo, peça a eles uma explicação… Você não vai tê-la, ainda bem…

Já me disseram que se o ser humano não tiver crenças em que se apegar, a vida se tornará insuportável, teremos que conviver com as verdades implacáveis da finitude e do nada-eterno pós-morte…

A pergunta que fica é esta: melhor ou pior viver sem crendices? Ah, e por favor, leitora, não deixe aquele chinelo ali virado de cima para baixo, não se arrisque, bem que pode ser verdade…

Conselhos

Dois conselhos do livro – “Pílulas para prolongar a juventude” – Modernize-se, mude a armação dos seus óculos; modernize-se, mude seu jeito de vestir… Concordo, mas… é muito bom também lutar pela paz na cabeça, que é a essência da felicidade. Conheço multidões que andam na moda e têm a bolsa cheia de ansiolíticos. Prefiro minha velha armação nos óculos e uma “moderna” cabeça em paz comigo mesmo. O mais é correr atrás do vento. Ah, e com essa paz na cabeça, claro, vou trocar a armação dos meus óculos…

Falta dizer

Hoje estou para conselheiro. Um outro conselho? “Acostume-se a gastar pouco dinheiro”. E invista muito, “gaste” tempo com o melhor em sua cabeça. O “rendimento” desse investimento será uma vida bem mais rica…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.