Línguas e orelhas – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

24/05/2024 - 07:05

Faz alguns anos, entrevistei num programa que eu apresentava na CBN de Florianópolis uma mulher que atuava no CVV, Centro de Valorização da Vida, instituição que visa a impedir suicídios. Nessa entrevista, ela disse uma frase que não esqueci: – “Você não imagina o que uma conversa pode fazer pela sua vida”. Indiscutível. O diacho é que hoje os amigos são raros e o que “ouvimos” por aí e todos os dias é de tirar o sono, a orientação na vida e até mesmo pensar no pior… Mais das vezes, não nos damos conta do que as pessoas falam, como falam e por que falam. Tolices, leviandades, erros infantis de linguagem, valores rasteiros e exibicionismos vazios, prejudiciais tanto para quem fala quanto para quem ouve. Esquecemos que o nosso sentido mais agudo e que mais nos faz crescer ou cair na vida é a audição. Todos nós, sem exceção, aprendemos a falar ouvindo o pai, a mãe, os avós, os irmãos, muita gente. Aprendemos a falar através dos mais velhos que nos cercaram na primeira infância e aprendemos com eles de igual modo os nossos valores básicos. Ninguém se torna preconceituoso contra isto ou aquilo depois de certa idade, aprendemos quando não tínhamos juízos de valores, as coisas nos chegavam e conosco ficaram. Há quem não creia nisso, são os que pensam que alguma pode sair do nada… Hoje, se prestarmos atenção ao que as pessoas dizem e como dizem vamos cair num atoleiro de difícil saída… Falas bizarras, dancinhas baratas de tiktoks nas redes sociais, piadas sem graça, pronúncias erradas, valores chulos, reveladores. Os livros de qualidade, que nos ensinam a pensar, que nos dão o que dizer, que nos fazem aprender gramática sem estudar gramática, esses livros estão encalhados nas prateleiras. Nas prateleiras das livrarias em “falência”… Já os livros toscos, de conteúdos pornográficos estão sendo aplaudidos e liberados por “autoridades” para escolas de todo o país. Essa postura tem a cara do Brasil do atoleiro. Mas fique bem sublinhado, uma boa conversa tem um poder inimaginável sobre nossas vidas. E assim as tontices, mentiras e analfabetismos que os aéreos andam dizendo, desde as instâncias superiores ao rasteiro da maioria. Abrir os ouvidos e escutar, não apenas ouvir. É para o bem do povo e a felicidade geral…

BURRICE

Só não será burrice se ele disse brincando… Mark Twain, escritor americano (1835/1910) escreveu de uma feita que – “Mais constrangedor que um jovem pessimista, só um velho otimista”. Tremenda babaquice! Os idosos serão velhos quando perderem o otimismo, otimismo é vida, é energia. Por que os idosos não poderiam ser otimistas? Penso que o americano estava brincando, mas que fosse brincar com a mãe dele… Otimismo sim, vovôs e vovós!

VIDA

Critiquei o Mark Twain, que criticavam os idosos otimistas. Twain foi um cabeça nublada. Quem casa mais velho, por exemplo, tende a ser mais feliz no casamento. Vale para homens e mulheres. O pressuposto é que os mais vividos têm mais os pés no chão na hora de escolher a companhia para viver ao lado. Os critérios de escolhas são bem mais calmos e assentados sobre valores. Pode haver exceção? Claro que sim, mas exceção.

FALTA DIZER

Verdade sacrossanta foi dita por uma voluntária para a salvação de animais nas enchentes gaúchas. Ela disse que – “A enchente foi uma benção para os animais”. É que a quase totalidade dos bichos foi salva por voluntários, bichos “esquecidos” que foram pelos seus “donos” canalhas que os maltratavam, digo eu. Que esses maldosos se ferrem!

 

 

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.