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Língua, volta aqui! – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

22/08/2024 - 07:08

Já ouvi muitos conselhos desse tipo: – “Ó, quando andares na rua, cuidado com a tua bolsa, cuidado”! Faz sentido, afinal, estamos no Brasil, a terra do atoleiro moral, das leis “flexíveis” e de aplicações meramente simbólicas e só a alguns… Mas eu diria diferente aos meus amigos: – “Ó, quando estiveres diante de alguém segura com todo força a tua língua”! Cuidado, é bom não esquecer o velho aforismo da educação: – Fala, se queres que te conheça! Nada mais verdadeiro, aliás, os delegados de policia sabem bem disso, os vagabundos que chegam algemados à delegacia mentem dos cabelos aos sapatos, perdem tempo, na verdade. Digo isso para lembrar que é muito feio alguém ser demitido de uma empresa e não segurar a língua, falando muito mal da empresa o tempo todo. Mesmo que o “desligado” tenha de fato sido injustiçado, para os que o ouvem vai ficar a dúvida: – “Ah, ele está dizendo o que diz da empresa porque foi demitido, não acredito nele…”! E o demitido ainda passa por mentiroso. Sim, mas o que dizer de quem sai de um casamento falando mal dele ou dela, do que ficou para trás? Ele ou ela pode ter sido canalha, canalha daqueles de filmes de motel, mas… Ao sair falando mal de um casamento não vai faltar quem pense que essa é a versão dele ou dela. Mas e a verdade mesmo, qual será? Dia destes, um bananinha, desses tantos cantores que andam por aí, separou-se da esposa, conhecida e também cantora. Num jantar com amigos, o bananinha disse que enquanto viveu no “cativeiro” não tinha condições de jantar com amigos. Quer dizer que o bananinha vivia num cativeiro? Ué, todo metido, todo machinho, vivia num cativeiro? A velha história: fala, se queres que te conheça! Estou voltando ao radioamadorismo, quero falar com pessoas desconhecidas lá do outro lado do mundo, sem vínculos, e no rádioamadorismo a orientação é evitar assuntos sobre política e religião. Esses assuntos revelam as pessoas e, sobretudo, abrem a porta para dissensões, não é uma boa. Segurar a língua em assuntos rasos ou incendiados, não ofender, não sair acusando a empresa, não falar mal dele ou dela depois do divórcio, evitar o chumbo grosso das brigas e das acusações. Língua, volta aqui! Ela já se foi…

CABEÇA

– “Quero mudar a minha vida, vou fazer uma psicoterapia”! Muitos pensam assim e vão em frente, só que… Mudar a vida é mudar o modo de pensar. A psicanálise não nos vai mudar o jeito de pensar, no convencional, vai, isso sim, nos ajudar a conviver melhor com o nosso modo de ser. Ninguém se transforma da água para o vinho. O que pode acontecer é nos aceitarmos melhor. Não mais que isso. Mudar ninguém muda.

MUDANÇAS

Se ninguém muda o jeito de ser depois dos cinco ou seis anos de vida, período de molde, não vai mudar depois de adulto, depois de casado, digamos. Se o cara demonstrar num certo momento um caráter safado, que ela não se engane, esse cara nunca vai mudar. Ele pode, por interesses momentâneos, segurar o tchan, mas na primeira oportunidade depois de garantida a “posse” ele vai soltar as rédeas. E ela que se salve…

FALTA DIZER

A hipocrisia humana é nauseabunda. Todo mundo fica bom depois de morrer? Safadeza pura, se a pessoa não foi moralmente saudável enquanto viva que não seja incensada depois de morrer. A cada um segundo suas obras, diz a Bíblia. Obras morais… Facílimo enganar o povinho…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.