A filosofia budista nos aconselha o desapego. Esse desapego se confunde com “limpeza”. E o exemplo mais imediato é nosso, nosso apego a incontáveis objetos, roupas, trastes de todo tipo que vamos acumulando em nossa casa e que não nos damos conta do espaço que essas inutilidades ocupam. Volta e meia era bom que fizéssemos uma “limpeza” nessas inutilidades, mas é aquela coisa… Sempre pensamos que talvez possamos vir a precisar daquela roupa, daquele objeto, daquele traste que nem lembrávamos mais de sua existência. Vivemos, de um modo ou de outro, esses apegos inúteis. E o que dizer de apegos emocionais desastrosos, de “valores” que de valores nada têm? O que dizer? Se limpar as gavetas é coisa boa, não seria coisa bem melhor limparmos a nossa cabeça? Não nasceu até hoje quem tenha crescido, chegado lá em cima nas idades da vida e que não tenha um monte de “sujeiras” na cabeça. Essas sujeiras nos incomodam. Na verdade são apegos. Um desses apegos é ver-se a pessoa como boa, e pessoa boa, sabemos, sempre contenta os outros. E, mais das vezes, contenta os outros se descontentando, isto é, fazendo-se incomodado ou mesmo infeliz. Ser gentil tem limites, quando saímos dos nossos limites podemos ajudar alguém, mas nos prejudicamos, nos incomodamos. Negar-se a prazeres alheios ou mesmo nossos, costuma ser uma virtude antes de ser um prazer. Sempre fiz isso, sempre fiz aquilo… Sim, mas sentias um prazer sem culpas ou incômodos ao fazer o que fazias? Muitas pessoas se incomodam na vida exatamente por isso, querem parecer sempre boas, disponíveis e esquecem que o que mais lhe anda por perto são pessoas oportunistas ou mesmo perigosas… Ajudar por espontaneidade faz bem, ajudar pressionado nos prejudica. Engolir um sapo ou outro na vida faz parte da vida, viver engolindo sapos infelicita ou pode mesmo matar. Haja vista o que acontece hoje na maioria dos casamentos. Mas, fique claro, os piores trastes, as coisas mais velhas de que nos devemos livrar são pensamentos e valores próprios, nossos. São pensamentos e valores emocionais que só nos os podemos varrer da nossa cabeça. Mas queres saber mais? Isso é tão difícil quanto enxugar gelo. Todavia, ter consciência dessas travas nos deixa de prontidão para evitarmos mais tombos, mais ainda…
QUEIXOSOS
Faz tempo que ando por empresas de todo tipo, fazendo palestras. Converso com gerentes, administradores, e nunca, como hoje, ouvi tantas críticas aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Chegam atrasados, reclamam de orientações que recebem, hoje os chamados assédios morais, e um grande número desses “trabalhadores” três ou quatro meses depois somem. Desistem. Vadios. Sucesso no trabalho é como sucesso no futebol: é preciso muito suor, vontade de vencer e caráter.
SALÁRIOS
O melhor de todos os salários é o “salário emocional”, um salário que bem poucos recebem. Esse salário emocional é a realização pessoal, a felicidade da pessoa com o trabalho que ela faz. Uma liberdade pessoal, só não recebe esse salário emocional os indolentes, como é o caso de muitos na área pública. Não receber da vida, da iniciativa pessoal, esse salário emocional é o escorregador mais rápido para a infelicidade. Problema de cada um.
FALTA DIZER
Sou muito “mariano”, bah! Porém, ter uma religião é algo discreto, pessoal, algo que, grosso modo, ninguém precisa saber. Gostei do pessoal do STF que vetou uma lei vigente no Rio Grande do Norte que estabelecia – lei – que todas as bibliotecas públicas tivessem 10 Bíblias. E as outras religiões? Somos nacionalmente laicos, ué!