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Lembranças amargas – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

04/06/2024 - 07:06

Ontem, conversando com uma senhora numa padaria ela me lembrou do Clodovil. Clodovil foi um apresentador de televisão que tinha uma personalidade diferente e era um sujeito assertivo. Ao ser lembrado do Clodovil por essa senhora que encontrei na padaria, lembrei a ela uma declaração muito especial do Clodovil num dos seus programas. Foi contar do que lembrei e a senhora largou as compras e a conversa se alongou. Lembrei à amiga, recém-conhecida, que Clodovil de uma feita suspirou uma recordação num dos seus programas, um arrependimento. Ele disse que se arrependia muito de não ter beijado mais a mãe dele, mãe adotiva. Nunca esqueci. Quem de nós não tem um remorso especial, um arrependimento, algo que hoje nos fere, mas que nada pode ser feito para corrigir? Nós também vamos ter arrependimentos afetivos, é inescapável. Aliás, dizendo isso, lembrei-me de outra amiga, jornalista, gaúcha. Mulher bonita, educada, trabalhadora, amiga confiável e casada. Dedicadíssima ao casamento e ao respeito ao marido, uma mulher daquelas de cinema. Pois essa mulher descobriu que o seu apaixonado marido tinha um caso fora de casa… Coisa muito bem escondida, bem dissimulada, mas era uma traição. Encurtando a história, a colega admirável divorciou-se. Algum tempo depois ela suspirava remorso por ter feito o que fez, o marido, contaram a ela, sofreu um bocado com a separação. Em resumo, a história. A colega que pediu o divórcio fez errado? Não, não fez. Fez o correto, o que muitas e muitas mulheres deviam fazer e não fazem. Mas a colega ficou com um especial sentimento de culpa, disseram a ela que o ex-marido ficara num abalo emocional especial. O cara pagou o preço pela sua safadeza, pela sua falta de vergonha na cara, pela sua macheza de araque. Toma! Mas também faz sentido os sentimentos de amargura da sua ex-mulher. Mesmo em muitas coisas corretas que fazemos passamos, no futuro, a sentir remorsos e arrependimentos. Negativo. Se o que foi feito foi o correto, nada de arrependimentos. Mas há os sinceros arrependimentos, há. E diante desses só há uma saída, acender todas as sirenes dos nossos cuidados para não repeti-los. Bem difícil, mas possível e indispensável.

FUTURO

Mais tarde, não se queixem da sorte nem peçam vagas num hospital. Falo dos “desatentos”, dos negacionistas da ciência que não tomaram a vacina contra a gripe. Pessoas que seguem os “ditadores” da burrice. Em Florianópolis só 40% das vacinas disponíveis foram aplicadas. O resto ficou para o lixo… Vai ter conseqüências, que vai, vai… Mas insisto, depois não peçam vagas no hospital quando estiverem com a corda da vida no pescoço.

MARCHA

Na procissão católica Marcha para Jesus, semana passada, uma repórter de tevê contou que o que as pessoas mais buscavam em sua “fé” era um emprego e saúde mental. Diga-me se pode! O santo não ajuda a quem não se ajuda, quantas vezes vamos ter que dizer isso? Saúde mental não vem do céu, vem de um equilíbrio emocional possível e viável pelas próprias pessoas. Só que… Com as cabeças que andam por aí, bah, internação na certa. E emprego se conquista com qualificação e mangas arregaçadas, pessoal. Orações e comodismo? Neca, peteca!

FALTA DIZER

Vou repetir o que já disse aqui, as mulheres têm a faca e o queijo na mão para tornarem-se “independentes”. A manchete é esta: – “Resistência cultural e falta de interesse da indústria atrasam avanço da pílula anticoncepcional masculina”. Quem pode resolver essa encrenca são elas: ou camisinha ou a tevê está na sala…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.