O niilismo é a grande ameaça do século 21. Por isso, o Janeiro Branco é um alerta necessário diante de um preocupante cenário onde a saúde mental ainda é negligenciada, apesar de seu impacto profundo na vida das pessoas e na sociedade como um todo. Na edição de ontem o OCP publicou a importante atuação de nosso Centro de Valorização da Vida (CVV), que há 20 anos se dedica, incansavelmente, a nobre causa de salvar vidas. Agora, dentro desse contexto, queremos evidenciar a campanha Janeiro Branco, criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão, cujo propósito é nos levar a refletir sobre um tema que, embora essencial, ainda enfrenta estigmas e barreiras culturais. A iniciativa busca colocar a saúde mental no centro das discussões públicas, lembrando-nos de que cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. O primeiro mês do ano, marcado por recomeços e metas, é o momento ideal para essa reflexão. A metáfora da “folha em branco” proposta pelo Janeiro Branco simboliza a oportunidade de reescrever histórias, priorizando o bem-estar emocional. No entanto, essa tarefa não é simples. Vivemos em uma sociedade da pressa, do imediatismo e da superficialidade, que valoriza resultados e pertencimento a qualquer custo, muitas vezes ignorando os sinais de esgotamento, ansiedade e depressão. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e o quinto em casos de depressão. Apesar disso, o acesso a tratamentos psicológicos e psiquiátricos ainda é limitado, especialmente para a população mais vulnerável. A campanha do Janeiro Branco surge, portanto, como um chamado à ação: é preciso romper com o silêncio que envolve o sofrimento psíquico e garantir que políticas públicas eficazes sejam implementadas. A saúde mental não pode ser tratada como um luxo ou um tabu. Ela é um direito básico e um pilar fundamental para o desenvolvimento humano. Empresas, escolas, governos e famílias precisam se engajar nessa causa, promovendo ambientes mais acolhedores e incentivando a busca por ajuda profissional quando necessário. Afinal, cuidar da mente é cuidar da vida. Que o Janeiro Branco nos inspire a olhar com mais empatia para nós mesmos e para os outros, reconhecendo que a saúde mental é um bem coletivo.