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Inspiração nórdica para a educação brasileira: reflexões sobre a Missão Técnica Internacional da ACAFE

Foto: divulgação

Por: Palavra do Reitor

18/09/2024 - 10:09 - Atualizada em: 18/09/2024 - 15:54

A educação nos países nórdicos, particularmente na Finlândia e na Suécia, é mundialmente reconhecida por sua excelência e inovação. Neste mês representei a Católica SC da Missão Técnica Internacional da ACAFE, que teve também a participação de Secretários de Estado do Governo de Santa Catarina. Posso afirmar que foram dias intensos e de experiências enriquecedoras, que ofereceram insights valiosos para a melhoria dos processos educacionais na nossa instituição, no estado de Santa Catarina e quiçá, no Brasil. Durante esta visita, exploramos práticas pedagógicas, metodologias de ensino e políticas educacionais que fazem desses países referências globais em educação. Divido com vocês um pouco do que vimos por lá.

Não obstante, devo pontuar que minhas colocações se referem a dois países de dimensões significativamente menores que o Brasil, tendo a Finlândia pouco mais de 5,5 milhões de habitantes e a Suécia, em torno de 10,5 milhões de habitantes. No Brasil, um país com mais de 212 milhões de habitantes, tenho a clareza de que os desafios na educação são substancialmente maiores.

Nossa jornada na Finlândia começou com uma imersão no Centro Finlandês de Avaliação da Educação (FINEEC), onde conhecemos de perto como a avaliação externa é utilizada para garantir a funcionalidade do sistema educativo. A FINEEC tem um modelo avaliativo que se baseia prioritariamente em indicadores internacionais e no exame nacional para admissão nas universidades, sem nenhum tipo de inspeção in loco das instituições educacionais. As atividades realizadas pela FINEEC têm o objetivo de dar suporte para que as instituições possam alcançar melhores resultados educacionais, sem exercer ações de comando e controle, com um sistema baseado na confiança e autonomia das escolas e universidades. Esta prática nos mostra a importância de um sistema de avaliação colaborativo e bem estruturado, algo que pode ser adaptado e implementado no Brasil para elevar a qualidade do nosso ensino, aprimorando ainda mais nossos modelos.

Em Helsinque, no Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, o diálogo com especialistas em políticas de ensino superior revelou como a inovação e a tecnologia são pilares essenciais no processo de ensino-aprendizagem. Discutimos modelos de ensino que integram as novas tecnologias de forma eficaz, preparando os alunos não só para o mercado de trabalho atual, mas também para os desafios do futuro. A formação profissional em nível de mestrado de todos os professores, desde a educação básica, bem como a formação continuada de professores, outro tema de destaque, é tratada com a devida importância, garantindo que esses profissionais estejam sempre atualizados e capacitados para conduzir uma educação de qualidade.

Na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Helsinque, que possui 50 anos de experiência na formação de professores e que, anualmente realiza por intermédio de seu quadro de professores e pesquisadores, mais de 500 publicações científicas, pudemos observar como a pesquisa em educação é amplamente valorizada e aplicada na prática. A universidade é um exemplo de como a união entre ensino e pesquisa pode criar um ambiente de aprendizado dinâmico e inovador, voltado para as necessidades reais da sociedade. As pesquisas abrangem todas as fases do desenvolvimento humano, desde a primeira infância até a vida adulta, e são fundamentais para a criação de políticas educacionais que promovem a justiça social e o bem-estar de todos os alunos.

Outro fato relevante é a cultura das Universidades Finlandesas impulsionarem o desenvolvimento de novos negócios. Na Turku University of Applied Sciences, são geradas mais de 50 startups todos os anos e mais de 600 empresas privadas colaboram com o financiamento de pesquisa e desenvolvimento. Atualmente possuem como um dos grandes desafios a busca por neutralização das emissões de carbono até o ano de 2030. Percebe-se assim uma preocupação de produção de novos conhecimentos voltados para resolver desafios empresariais, sociais e ambientais.

Seguindo para a Suécia, as discussões focaram em metodologias de ensino que destacam a igualdade, a inclusão e a formação cidadã. Percebi o quanto as Universidades se preocupam em trabalhar de forma colaborativa em todos os aspectos em detrimento de comportamentos competitivos. As visitas a instituições suecas reforçaram a importância de uma educação que não só prepare para o mercado de trabalho, mas que também forme cidadãos críticos e comprometidos com o bem comum.

Para além dos processos educacionais, novamente a premissa de inovação para resolver necessidades da sociedade é notória. A KTH Royal Institute of Technology, por exemplo, possui uma holding para investir nas empresas criadas pelos estudantes, o que acaba aumentando seu valor de mercado e atraindo mais investimentos para os novos negócios, incluindo as deeptechs, empresas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias oriundas de pesquisas profundas, como reatores nucleares, por exemplo.

Essas experiências na Finlândia e na Suécia destacam a importância de uma educação inclusiva e equitativa, valores que estão no cerne dos sistemas educacionais nórdicos e que podem servir de inspiração para aprimorarmos aqui. A missão realizada vai além da troca de conhecimentos; ela nos convida a repensar e redesenhar nossos próprios métodos e práticas educacionais, estabelecer novas parcerias internacionais, bem como pensar em melhorias que possam ser aplicadas em nossos ecossistemas de inovação de Santa Catarina.

O que aprendemos lá certamente terá um impacto profundo na nossa atuação. Estamos comprometidos em aplicar essas lições para transformar o ambiente educacional, tornando-o mais inovador, inclusivo e alinhado com as demandas do século XXI. Acreditamos que, com essa troca de experiências e a implementação de novas práticas, possamos contribuir para um futuro onde a educação brasileira seja uma referência de qualidade e equidade.

 

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Palavra do Reitor

Cleiton Vaz, reitor da Católica SC, possui graduação em Engenharia Química, especialização em Administração de Empresas, mestrado em Saúde e Meio Ambiente, doutorado em Engenharia Ambiental e realizou seu pós-doutoramento na área de nanotecnologia, na UQÀM (Université du Québec à Montréal).