Transcorrida a Semana Santa e a Páscoa é vida que recomeça. Não podemos, contudo, esquecer de fazer um balanço do ocorrido em Blumenau, situação que gerou consternação internacional.
Precisamos deixar aqui devidamente patenteada a forma equilibrada como procedeu especialmente o prefeito Mário Hildebrandt, um homem de bem, um homem temente a Deus, um gestor que tem se revelado em Santa Catarina. Tanto é verdade que se reelegeu com mais de 70% dos votos contra um adversário que já havia sido duas vezes prefeitos da cidade e oriundo de família tradicionalíssima da política estadual. Mário Hildebrandt foi certeiro. Sem estardalhaços, sem pirotecnia, com serenidade, discrição e eficiência. Não só no dia do ocorrido à invasão à creche, mas nos dias posteriores, nos seus posicionamentos, nas suas declarações, nos seus encaminhamentos, até o anúncio de uma semana de férias na rede municipal, iniciada nesta segunda-feira. Isso para estruturar todo sistema educacional com vigilantes, com segurança que possa coibir novos movimentos como aquele registrado na última quarta-feira.Presença discreta
Pontos também para Jorginho Mello que, no início da tarde de quarta, já estava em Blumenau. Derrubou uma cirurgia que estava programada para o dia seguinte e foi ao Vale com toda a estrutura de segurança do governo estadual. Também sem fazer barulho, na serenidade e na discrição, sem querer faturar politicamente ante a desgraça alheia.
Ausente
E a liderança nacional? Alguns colegas questionaram, cobrando que Lula da Silva tinha que ter ido a Blumenau. A coluna discorda. Ele não precisaria marcar presença, mas pelo menos uma ligação ao governador e ao prefeito. Seria protocolar. Nem isso não aconteceu.
Na medida certa
Décio Lima, sempre prestativo, também um cidadão de fino trato, que foi duas vezes prefeito de Blumenau, encontrou-se com seu adversário de segundo turno na eleição passada e tentou colocar Jorginho em contato com o presidente da República. E não conseguiu.
Compadres
Até pela proximidade de Décio com o presidente, ele seria a pessoa mais indicada para fazer essa ponte. Poucas pessoas têm ligação íntima com Lula como a que tem o petista catarinense. Não deu.
Inversão
Registre-se que era o presidente que teria que ligar para o governador e para o prefeito. E não o fez. O ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Ceará, petista de carteirinha, fez uma ligação a Jorginho Mello colocando o governo federal à disposição. Muito pouco. Tinha que ter marcado presença no dia do velório e do sepultamento.
País dividido
Era o mínimo que o ministro poderia fazer. Talvez, sabe-se lá, ressabiado, pois o fato foi em Blumenau, um bolsão bolsonarista em Santa Catarina, ele recolheu-se. Pode ter pensando que seria mal recebido, apupado ou coisa que o valha. Isso poderia gerar desgaste para ele e seu chefe.
Perfil
O catarinense é um povo trabalhador, acolhedor e educado, senhor ministro. Os blumenauenses e os catarinenses jamais iriam misturar as coisas numa hora dessas, em um momento de extrema dor e de luto.
Ordem e Progresso
O comportamento do catarinense, senhor Camilo Santana, não é igual ao de outras regiões do país. Pois muito bem, ele não veio. Não veio também porque o seu chefe, o presidente continua atuando não como bombeiro, mas com incendiário.
Ódio do bem
Em vez de pacificar o país, buscar a reconciliação, Lula da Silva continua batendo em Bolsonaro e nos eleitores do ex-presidente que são apenas 2,1 milhões a menos do que o contingente que o elegeu. Menos de 2% do eleitorado.
Língua ferina
O irresponsável que ocupa o Planalto segue com essa conversa de nós contra eles, que eles inventaram lá atrás quando chegaram ao poder. Por isso que seus ministros também não se sentem à vontade para se deslocar por algumas regiões do país.
Regional
Lula só ganhou a eleição no Nordeste. Perdeu até no Norte, perdeu bem no Sudeste e no Centro-Oeste e levou uma surra aqui no Sul. É bom que catarinenses, gaúchos e paranaenses se preparem, pois tudo indica que a região mais bem desenvolvida do país será olimpicamente ignorada por Brasília.