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HOJE EM DIA, TODOS SÃO “ROTULÁVEIS”

Imagem: divulgação

Por: Emílio Da Silva Neto

28/11/2024 - 10:11 - Atualizada em: 28/11/2024 - 16:13

Dia destes, ao conhecer um excelente Consultor de Empresas, especializado em desenvolvimento de pessoas e negócios, mediante evolução de processos comportamentais, escutei dele que era grato por conviver, desde criança, com o TDAH-Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, pois a derivada impulsividade deste “transtorno” (?!?) o levou a se desenvolver muito em seu conhecimento e evolução profissional.

Dizem que Vicent Van Gogh, Alberto Santos Dumont e Ulysses Guimarães, tiveram “Transtorno” Bipolar. Roberto Carlos tem TOC (“Transtorno” Obsessivo Compulsivo). E alguns suspeitam que o jogador Messi seja Autista. Além disso, Napoleão Bonaparte, Donald Trump, Steve Jobs, Tom Cruise e Paris Hilton são considerados narcisistas.

Enfim, parece que grande parte das pessoas com características diferentes das habituais, até mesmo sendo de qualidade superior, podem ser consideradas como dotadas de algum “transtorno” e, como tal, merecedoras de tratamento.

Neste aspecto, até uma pessoa que precisa ter a sua casa sempre bem arrumada, segundo a psicologia, pode ser diagnosticada como alguém com TOC, cuja ansiedade pela desordem mental interna, precisa, para se acalmar, organizar o seu espaço físico. Afinal, segundo a Forbes, “nossos mundos externos inevitavelmente afetam nossos mundos internos e vice-versa”.

Nos dias de hoje, mesmo esquecendo os chamados “transtornos mentais”, a sociedade vive em um estado de constante categorização, no qual praticamente qualquer atitude, comportamento ou característica humana pode ser rotulada e isso inclui até virtudes como ser pontual, organizado, respeitoso, cuidadoso ou, até, “sustentável”.

O fato é que embora a rotulação de comportamentos possa ajudar a estabelecer padrões sociais e de convivência, ela também traz desafios e tensões, pois a exigência de se encaixar em determinados moldes muitas vezes ignora a complexidade da experiência humana e a diversidade das realidades individuais.

A sociedade vive em estado de constante categorização, com qualquer atitude, comportamento ou característica humana sendo rotulada, até como um “transtorno mental”

A rotulação tem uma longa história e é uma característica natural das sociedades humanas, com as pessoas sendo categorizadas, desde a antiguidade, em diferentes papéis e funções dentro de suas comunidades. No entanto, o que ocorre atualmente é uma ampliação e intensificação dessa prática, talvez para configurar doenças (“transtornos”) que justifiquem tratamentos e clientes garantidos para médicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas e, por aí vai … até, mães de santo … e, disto … haja dinheiro !!!

Até a impontualidade, por exemplo, mesmo que causada por um motivo legítimo, pode ser rapidamente rotulada como “desorganização mental”. O mesmo ocorre com a questão da desorganização: há uma tendência de rotulá-la como “imaturidade”.

Essa rotulação abrange também aqueles que se destacam pela sua autonomia ou que desafiam as normas estabelecidas: são rotulados de “rebeldes” ou “problemáticos”, por exemplo. E, de forma oposta, aqueles que se adaptam às expectativas sociais e corporativas podem ser chamados de “complacentes” ou “Maria vai com as outras”.

O pior é que a inserção a rótulos estabelecidos faz com que a convivência social se torne mais artificial, perdendo-se a capacidade de viver de forma autêntica, consciente de suas imperfeições e limitações, e aberto ao diálogo sobre o que é realmente importante em cada situação.

O desafio é, portanto, equilibrar as rotulagens sociais com a liberdade de expressão individual, onde a diversidade seja celebrada e as etiquetas não definam a totalidade do ser, o que ajuda a combater a superficialidade e restaurar a complexidade das relações.

Em última análise, a verdadeira liberdade está em se ser aceito como um ser único, e não como alguém enquadrado em rótulos sociais, entre os quais, os chamados “transtornos” de toda ordem.

Pois, então, dizia minha saudosa mãe (*1929-+2019): “não vista o que não lhe serve … passe adiante !!!”

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𝕰𝖒𝖎́𝖑𝖎𝖔 𝕯𝖆 𝕾𝖎𝖑𝖛𝖆 𝕹𝖊𝖙𝖔

PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Ex-Diretor Superintendente WEG

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Emílio Da Silva Neto

Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar. Redes sociais: emiliodsneto | www.consultoria3s.com