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Geração OnlyFans e a pressão da hipersexualização

Foto: Freepik

Por: Raphael Rocha Lopes

03/06/2025 - 10:06 - Atualizada em: 03/06/2025 - 15:25

♫ “We’re driving Cadillacs in our Dreams/ But everybody’s like/ Cristal, Maybach, diamonds on your timepiece/ Jet planes, islands, tigers on a gold leash We don’t care/ We aren’t caught up in your love affair?”♫ (Royals; Lorde)

O crescimento exponencial de plataformas como a OnlyFans tem provocado debates intensos sobre seus impactos na sociedade, especialmente entre adolescentes. Embora o site exija que seus criadores de conteúdo tenham pelo menos 18 anos, há evidências de que adolescentes estão sendo influenciados por essa cultura digital, o que levanta preocupações sobre saúde mental, identidade e sexualidade.

Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, a OnlyFans, criada em 2016, é, hoje, a mais famosa plataforma por assinatura, popularizada especialmente por permitir que usuários vendam conteúdos exclusivos – muitos deles sensuais ou explícitos (pornográficos) – diretamente aos seus seguidores. Nela, os chamados criadores monetizam seus conteúdos.

Atualmente há muitos famosos e ex-famosos vendendo de imagens dos próprios pés até muitas outras lá. Tem conteúdos não sexualizados também, mas a fama dessa plataforma não é por causa desses segmentos.

Lucro e validação social

A promessa de ganhos financeiros rápidos e a validação por meio de curtidas e seguidores têm atraído jovens para o universo do OnlyFans.

Um relatório da VoiceBox destaca que muitas adolescentes expressam o desejo de ingressar na plataforma assim que atingirem a maioridade, influenciadas por narrativas que romantizam o empoderamento sexual e a independência financeira. No entanto, essa busca por aprovação pode levar a uma hipervalorização da aparência física e da sexualização precoce.

Mais do que isso. Estudos indicam que a exposição constante a conteúdos hipersexualizados pode afetar negativamente a autoestima e a saúde mental dos adolescentes. Pesquisas já categorizam como “Gereação OnlyFans”, sugerindo uma correlação entre a cultura da hipersexualização nas redes sociais e o aumento de sintomas depressivos, especialmente entre meninas. Além disso, a pressão para se conformar a padrões estéticos irreais pode levar a distúrbios alimentares e outras questões de saúde mental.

Desafios para pais e educadores

A rápida evolução do ambiente digital apresenta desafios significativos para pais e educadores. É essencial promover uma educação sexual abrangente que vá além da biologia, abordando temas como consentimento, autoestima e os perigos da exposição online. Além disso, é crucial incentivar o pensamento crítico sobre os conteúdos consumidos e compartilhados nas redes sociais.

Há de se considerar, ainda, que, como dito no início do texto, apesar destas plataformas serem proibidas para menores de idade, há dúvidas quanto a uma efetiva fiscalização por parte delas. Ano passado, por exemplo foi aberta uma investigação contra a plataforma citada no Reino Unido por este motivo.

O fato é que a influência de plataformas como o OnlyFans na formação da identidade e sexualidade dos adolescentes é um fenômeno complexo que exige atenção e ação coordenada de toda a sociedade, embora aos pais caiba a maior atenção do que seus filhos estão vendo ou frequentando na internet.

É fundamental criar espaços seguros, especialmente nas escolas, para o diálogo aberto, onde os jovens possam expressar suas dúvidas e preocupações sem julgamento, promovendo assim um desenvolvimento saudável e equilibrado em meio à era digital.

 

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.