Formas de envelhecer

Por: OCP News Jaraguá do Sul

09/07/2016 - 04:07

Não há dúvida. Existem vários tipos de idosos diferentes. Desde velhinhos que assumem uma natureza senil até jovens senhores que negam a chegada da terceira idade. Ao passar dos dias, vou reparando as características de cada senhorzinho que encontro e, ao avanço dos sinais do tempo no meu rosto, vou tentando decifrar qual será a minha versão idosa. O João 9.0 (no mínimo, otimista).

Me pergunto se terei (se temos) controle, domínio sobre nossa personalidade. Ou se vamos nos transformando sem nem perceber as mudanças e, certo dia, estamos discutindo um assunto qualquer e alguém exclama: “Eita, que velho teimoso!”. De repente, percebemos que não somos mais pessoas de opinião, que discutem, debatem, contestam. Somos velhos teimosos com uma visão ultrapassada do mundo e das novas visões que passam por cima de nós, nos engolindo.

Ou ainda, numa manhã qualquer você vai juntar o jornal na porta de casa e ele está caído dentro do pote de água do cachorro. E você comenta com sua esposa, no café. E, de meio-dia, decide mencionar o fato ao filho, de tarde fala para um amigo, traz o assunto à tona de noitinha e, de repente, alguém larga um: “Como esse velho é ranzinza!”. Você se transformou num ranzinza! Transformaram você num ranzinza.

Quem sabe você goste de jogar na loteria e mantenha o costume de ir, toda semana, fazer uma fezinha. Os mesmo números. Sempre. Você acredita neles. Vive um sonho de milionário desde o sábado de manhã até a hora do sorteio. Porém, um dia a lotérica está cheia demais, você está na fila preferencial, puxa um papo, faz a aposta e escolhe uma federal pelos “dois reais de troco”. Demora um pouco a escolher e algum impaciente na fila diz: “O que esse aí quer com loteria? Tá quase morrendo, não precisa mais ficar rico”. E você perdeu seu direito de sonhar, tentar ou, pura e simplesmente, se divertir.

Mas… Além das três situações acima que, infelizmente, testemunhei, existem os outros velhinhos. Aquele que não sai do arrasta-pé e é conhecido por “pé-de-valsa” ou “velhinho assanhado”. Aquele que não deixa passar nenhuma garotinha de cinquentinha, sessentinha… Tem os pescadores aposentados, que nunca pegaram numa vara de pesca, mas já pescaram tucunarés de três metros de comprimento…

E tem o Manteiga Derretida. Aquele senhorzinho que se emociona com tudo. Chora até no comercial do “Hoje, é um novo dia, de um novo tempo” da Globo. Jantar de família, então, nem se fala. Chora, faz discurso, bebe uns gorós… Abraça todo mundo! É muita lágrima pra derramar. E o pior é que eu acho que tô seguindo por esse caminho. Antigamente, via qualquer filme e dava risada dos emotivos de plantão. Hoje já tem uma ceninha ou outra que dá um nozinho na garganta. Mais uns dez anos e cairão as lágrimas até na morte do Apollo no Rocky 4.

Bem, na verdade, eu nem lembro por que comecei a falar sobre isso. Acho que estou ficando velho…

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Publicação da Rede OCP de Comunicação