Flechas envenenadas – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

02/05/2024 - 07:05 - Atualizada em: 30/04/2024 - 17:14

Diz o ditado que quem fala a verdade não merece castigo. O provérbio parece incontestável, todavia… A verdade fere, fere ou alivia. Responsabilidade nossa saber dessa diferença antes de abrir a boca. Num casamento, por exemplo, por melhor que ela ou ele seja, sempre haverá algo de errado na conduta de um deles ou nos dois. Esperar por um desentendimento para disparar a flecha envenenada da verdade é jogo perigoso. O que nos dizem de verdade sobre nós, verdade picante, constrangedora, nunca mais esqueceremos. Podem fazer as pazes, parece que tudo ficou no esquecimento, mas não ficou. Vem daí a importância de não dizermos de imediato algo que vai ofender de modo inesquecível quem receber essa flechada. Cala-te e ter-te-ão por sábio? Sim. Uma sabedoria especial. Mesmo que a briga entre os pombinhos seja a briga antes da assinatura do divórcio, mesmo assim não dizer um veneno que não vai ser esquecido. Nossa grandeza não se alicerça sobre palavras cáusticas, ferinas, grosseiras. Todos, sem exceção, temos pontos fracos, coisas inerentes à condição humana, pontos constrangedores. Numa briga, quem souber desses nossos pontos e não nos alvejar por eles é pessoa especial, respeitável. Os vingadores existenciais aproveitam-se de qualquer momento de nossas fraquezas para nos lembrar e ofender por essas fraquezas. Quem controlar a língua numa discussão, quem respeitar o “opositor” será mais tarde reconhecido e apreciado. Falo de defeitos da outra pessoa que nós bem sabemos e conhecemos, mas que deles não nos valemos numa hora de desacerto. A pessoa que bem poderia ser gravemente ofendida um dia vai olhar para trás e suspirar algum arrependimento e até mesmo admiração por quem a respeitou. Infelizmente, são poucas essas pessoas. Essa habilidade de segurar a língua e não ofender de modo profundo alguém que bem merecia vem da educação ou da índole natural da pessoa educada, seguradora da língua. Um simpático elogio até podemos esquecer, mas uma flecha envenenada por uma danosa verdade nossa nunca vamos esquecer. E é bom lembrarmos que uma pequena vitória de momento bem que pode mais tarde tornar-se uma severa derrota para quem não segurou a língua. Fala, se queres que te conheça, nada mais diz sobre nós do que a nossa língua.

BRINCADEIRA

O casamento parece que virou mesmo um iô-iô, um vai e vem, um sobe e desce sem nenhuma graça, senão a revelar a qualidade da personalidade das pessoas. Homens vagabundos, dadas as facilidades, pulando de “galho” em galho como crianças num parque de diversão. O casamento, mais das vezes, é uma necessidade do ser humano, ter alguém ao lado, alguém que nos complete, com quem dividamos a vida, amor mesmo. Qual nada, virou um “nem-aí” para os levianos. Vão se arrepender.

HERDEIROS

Há dois tipos de herdeiros. Os do segundo tipo que fiquem quietos… Um tipo é o herdeiro que desde cedo vai para trás do balcão da família, trabalha, justifica suas “mesadas”. O outro tipo de herdeiro é o que não faz nada, só herda. Desprezo por esses tipos. Ademais, filhos não são iguais, há filhos que valem a pena, ajudam, assistem os pais, e outros que só aparecem nas boas. Já pra rua, safados! Os pais sabem bem disso, ô…!

FALTA DIZER

Cardiologia e Psicologia andam de mãos dadas. Ser amado, amar, ter pessoas boas por perto, amigos, afastam ataques cardíacos, ansiedade, depressão, angústias de todo tipo. Poucos acreditam nisso. Uma vida calma, com afetos e bons propósitos deixam as doenças lá na esquina. Insisto, poucos crêem nisso, talvez para justificar suas vidas vazias.

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.