Estou vivendo e estudando durante um mês na Itália. um curso de italiano, cultura e gastronomia, que me faz refletir sobre a verdadeira cozinha italiana.
Muitos de nós, em todo o mundo, associamos a Itália à massa e à pizza. Mas, a gastronomia italiana vai muito além! Posso dizer que é um laboratório extraordinário de biodiversidade cultural. Existem motivos históricos pra Itália ter diversas receitas regionais, costumes e ingredientes específicos de cada local. A unificação da Itália deu-se apenas em 1861, e ainda levou um tempo para “sentir-se uma Itália”, na verdade.
Há ainda a pluralidade de produtos, receitas, ingredientes e saberes, que se modifica a cada olhar. Cada cidade, pequena ou grande, tem suas peculiaridades. A geografia e a história são motivos de tanta diversidade. Planícies ou colinas, mar ou montanha… caráter e dialetos de cada região…
A multiplicidade destes recursos, naturais e da intervenção cultural, deu vida à uma variedade de experiências, que é a verdadeira imagem da gastronomia italiana. Então, é praticamente impossível escolher entre a pizza napolitana, o risoto milanês, a bruschetta toscana, a polenta do norte, as massas recheadas de Bologna, qual é o mais representativo da Itália. A cozinha italiana é formada por muitas! Ela encontra seu sentido principal na variedade de experiências a serem compartilhadas.
Na Itália, há grande respeito pela regionalidade, pela sazonalidade ( produtos de cada época) e pelos hábitos ao comer. Para o italiano, o momento à mesa é muito importante, os cardápios de restaurantes são repletos de significado, como a ordem dos pratos (primeiro a massa, depois as carnes)….
Quando conhecemos um pouco mais de outra cultura, somos capazes de perceber também como é nossa cultura de origem. Por isso, me sinto segura em afirmar que a cozinha brasileira, assim como a italiana, tem muitas variações, que vão além dos poucos pratos reconhecidos pelo mundo.
Nossa gastronomia nos representa, expressa nossa história, quem fomos e somos.