Exemplo de um exemplo – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

30/09/2024 - 07:09

O que não temos não nos incapacita de termos. O produto mais comum na cabeça das pessoas é a desculpa. Desculpas para tudo, para a pobreza financeira, para o desemprego, para as mágoas no casamento, desculpas sobre a saúde, sobre de tudo um pouco. Digo isso com os olhos numa manchete que me irrita. A tal manchete diz que “10% dos jovens brasileiros (só isso?) não trabalham nem estudam”. Ah, é? Então, me digam da razão de os caras não trabalhar nem estudar… Nenhuma desculpa vai justificar a vadiagem. E dizendo isso, lembro de uma biografia que li há muitos anos. Biografia de Amador Aguiar, (1904/1991). Quem foi Amador Aguiar? O fundador do banco Bradesco. Amador era filho de roceiros, ele próprio ao início de sua adolescência trabalhava no campo, ajudava os pais, gente muito pobre. Além disso, Amador sofria de asma num tempo em que não havia os tantos tratamentos com hoje. Na biografia, desse para mim herói, ele conta que não conseguia dormir à noite, a asma aumentava e ele passava a noite num sofá da sala, mas… Lendo a noite toda, lendo jornais velhos que ele recolhia dos vizinhos. Lia todas as noites e lia especialmente sobre negócios, economia… Não é uma inspiração divina, leitora? Deu no que deu, aos 40 anos de idade, em 1943, Amador fundou o Bradesco, amigos estavam com ele na fundação desse grande banco. Ah, esquecia de dizer, importantíssimo, Amador Aguiar estudou só até o quarto ano primeiro. Pode isso? Pode, afinal, Amador devia estar sendo inspirando, sabendo ou não, pelo Evangelho de Marcos, 9.23 – “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. Essa a questão, a questão que envolve a determinação, as ações, a fé e a certeza do possível dos nossos sonhos quando arregaçamos as mangas, não olhamos para os lados e não procuramos por desculpas frias. Aqui entre nós, muitos, governantes ou não, discutem as desigualdades sociais, econômicas, desigualdades de todo tipo, querendo com isso justificar ou explicar as diferenças sociais. Digo daqui, as diferenças são basicamente assentadas sobre as determinações positivas ou não dos que crescem e dos que ficam atolados nas desculpas. Se Amador pôde, por que os “parados” não podem?

CABEÇA

A maioria das nossas inquietações mentais está no futuro. O passado é conhecido, passou, pode deixar arrependimentos, mas não pode ser apagado. O diacho é que a maioria das nossas inquietações são criações, fantasias do agora e que poucas chances têm de se tornar realidade. Quem pode garantir o futuro? Mas muitos se infelicitam antecipadamente por ele. Impossível uma solução, mas é possível diminuir o sofrimento, arregaçando as mangas e fazendo o que é de deve ser feito “agora”. Agora, eu disse.

QUEIXAS

Que os vadios, os desatentos não se queixem da sorte. Ontem, conversei com o dono de uma pequena loja num shopping de Florianópolis. E ele me contou das dificuldades para achar trabalhadores sérios, éticos, comprometidos. A maioria é desatenta, mal-educada e fica a maior parte do tempo “entretida” com o celular. Olho da rua deve ser a mensagem aos vadios, maioria absoluta dos que andam por aí. Vão se queixar da sorte? Sim, lá na “salinha dos fundos, ordinários!

FALTA DIZER

Nenhum dos grandes milionários da História ficou rico em poucos meses, jovenzinho. Foram anos e anos de esforços, persistência e muita fé. Aí vem um atolado ético pregando, em livro, como ficar rico antes dos vinte anos. Ah, é preciso aumentar o espaço na salinha dos fundos, ah, é preciso…!

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.