Assim como o machismo e o racismo, o “etarismo”, discriminação que dificulta idosos de perseguir seus sonhos e metas, nunca pode ser justificado, por tentar pré-categorizar as pessoas
Ninguém se saiu melhor do que Ronald Reagan, quando sua idade passou a ser cogitada como ponto fraco durante a campanha de 1984 para a reeleição. “Não vou transformar a idade em assunto de campanha. Não vou explorar, com objetivos políticos, a juventude e a inexperiência do meu oponente”, disse ele no segundo debate presidencial daquele ano. Até o adversário mencionado, o democrata Walter Mondale, então com 56 anos de idade, caiu na risada, num momento de espontaneidade.
Aos 73 anos, era o americano mais velho a ocupar a Casa Branca e a pergunta sobre idade, feita por um jornalista, questionava se ele teria o mesmo vigor que John Kennedy, ao passar várias noites acordado, durante a crise dos mísseis, o momento mais perigoso da história da humanidade, até então. Na verdade, Kennedy, assassinado aos 46 anos, tinha muito mais problemas de saúde do que Reagan.
Sofria de doença de Addison, doença celíaca e hérnia de disco. Usava colete ortopédico e medicamentos em doses espantosas. O distúrbio endocrinológico hoje é visto como possível responsável pela aparência de pele bronzeada que contribuía para sua imagem de vigor.
Da mesma forma, a idade de Joe Biden (quase 82 anos), tem-lhe catapultado à vítima de adversários malvados e preconceituosos, na sua campanha pela reeleição norte-americana, neste ano. Na verdade, muitos entraram, sim, no “modo pânico” pelos inúmeros tropeços e deslizes do “Old Biden”.
Todo este preâmbulo se justifica pelo fato da população mundial estar envelhecendo mais rapidamente que no passado, especialmente na América Latina e Caribe: em 2020, mais de 8% da população tinha 65 anos ou mais e estima-se que essa porcentagem dobre até 2050 e exceda 30% até o final do século.
Assim, surge fortemente o “etarismo”, uma forma de discriminação no mercado de trabalho, que, muitas vezes, impede pessoas idosas de perseguir seus sonhos e metas pessoais.
Contudo, assim como o racismo ou o machismo, o “etarismo” nunca pode ser justificado, porque é uma tentativa de pré-categorizar as pessoas baseada num grupo, em vez de olhar para elas como indivíduos. Afinal, em qualquer agrupamento humano, em cima de qualificações superficiais ou demográficas, haverá gente boa e gente ruim, honesta e desonesta, competente e incompetente.
Apesar do envelhecimento natural do corpo e do cérebro, muitos idosos têm um desempenho melhor que pessoas com a metade da sua idade. Pensemos em Dalai-Lama (líder religioso, 88 anos), Jane Fonda (atriz, 86 anos), Julia Hawkins (nadadora “furacão” com 108 anos) ou Zefiro Giassi (presidente ativo até a sua morte, aos 90 anos).
Para se demolir crenças etaristas, a neurociência prova que o cérebro de uma pessoa idosa é muito mais prático do que vulgarmente se acredita. Nessa idade, a interação dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro torna-se harmoniosa, o que amplia as possibilidades criativas. É por isso que, entre as pessoas com mais de 60 anos, existem muitas personalidades que acabaram de iniciar suas atividades criativas.
Claro, o cérebro não é tão rápido como na juventude. Por outro lado, ganha em flexibilidade. Portanto, à medida que se envelhece, fica-se mais propenso a tomar boas decisões e menos exposto a emoções negativas. O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar a toda velocidade.
Ah, e o professor Monchi Uri, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro idoso escolhe o caminho que consome menos energia, elimina o supérfluo e deixa apenas as boas opções para resolver o problema. Em seu estudo, envolvendo diferentes faixas etárias, jovens ficaram muito confusos durante os testes, enquanto pessoas com mais de 60 anos tomaram as decisões certas.
Iiiiuuuu … será que um dia, no mercado de trabalho, o etarismo será substituído pela inveja dos jovens a quem tem rugas e não procrastina sonhos e metas ?!?
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Emílio Da Silva Neto
PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Ex-Diretor Superintendente WEG
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