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Esquerda quer mudar regras para evitar derrota na próxima eleição ao Senado – Deltan Dallagnol

Por: Deltan Dallagnol

11/12/2024 - 06:12

 

A “democracia relativa” do governo Lula aprontou mais uma: um projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, busca alterar o Código Eleitoral para impedir que os eleitores votem em dois senadores em 2026, como ocorre atualmente. Pela proposta apresentada no PL 4629/24, o eleitor votaria em apenas um senador, sendo eleitos os dois mais votados no estado. A iniciativa revela um grande medo do governo Lula, da esquerda e do STF: que a direita, que demonstrou força nas eleições municipais de 2024, consiga eleger dois senadores conservadores em diversos estados, nas vagas disponíveis em 2026.

Randolfe justifica a proposta alegando que o modelo atual, no qual o eleitor escolhe dois senadores, facilita a “concentração de poder em um único grupo político, prejudicando a diversidade representativa”. Na realidade, a esquerda teme o fortalecimento da direita após as vitórias expressivas nas eleições municipais brasileiras deste ano e nos Estados Unidos, onde Donald Trump obteve uma vitória esmagadora, garantindo o controle de ambas as Casas do Congresso americano para os republicanos. Os sinais indicam um fortalecimento sem precedentes da direita, algo que também deve impactar as eleições de 2026 no Brasil.

O receio do governo e da esquerda não é infundado. Uma pesquisa recente do Instituto Paraná Pesquisas mostrou que Lula chegou à metade de seu terceiro mandato com índices de aprovação em queda, acendendo o alerta no Palácio do Planalto. A desaprovação ao governo atingiu 51%, enquanto a aprovação ficou em 46,1%. Mais alarmante foi o dado de que, se a eleição presidencial fosse hoje, Bolsonaro venceria Lula com 37,6% das intenções de voto contra 33,6%. Esses números são um golpe duro para um governo que tem governado em lua de mel com o Supremo Tribunal Federal (STF) e apoio irrestrito da grande mídia, amplamente financiada por verbas publicitárias federais.

Os números refletem a realidade de um governo que enfrenta manchetes negativas geradas pela má gestão e políticas públicas desastrosas, marcas registradas do PT. Entre os problemas estão o desequilíbrio fiscal, o maior rombo nas contas públicas da história, e um pacote fiscal considerado desastroso, que assustou o mercado e fez o dólar ultrapassar R$ 6 pela primeira vez. Adicionam-se a isso o recorde de queimadas na Amazônia, o maior desastre ambiental dos últimos 15 anos, número recorde de casos de dengue, equivalentes à soma dos últimos sete anos, alta na inflação e preços recordes de itens da cesta básica, como carne, pão e café. Além disso, a tentativa do governo de regulamentar as redes sociais para implementar a censura no Brasil tem gerado forte rejeição popular.

Nesse contexto de desespero, não surpreende que Randolfe Rodrigues tente evitar a eleição de dois senadores de direita por estado em 2026. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, admitiu recentemente que, sem a regulamentação das redes sociais, o partido continuará perdendo eleições. A esquerda já percebeu que não consegue competir com a força da direita nas redes sociais, que reflete o perfil conservador da maioria do eleitorado brasileiro. Resta ao governo Lula, ao PT e à esquerda alterar as regras do jogo para se manterem no poder. Essa postura, além de antidemocrática, é autoritária. No fundo, Randolfe, Lula e o PT comportam-se como a criança que, ao perder no jogo, ameaça levar a bola embora. E o incrível é que, com a ajuda do mesmo STF que instalou o pior regime de abusos contra direitos fundamentais desde a ditadura, queiram posar como “defensores da democracia”.

 

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