Envelhecer, como evitar? – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

10/10/2024 - 07:10

Saber não é ser, a pessoa pode saber muito, ter vários diplomas, mas existencialmente essa pessoa pode cair e ficar pastando, como se dizia na época do politicamente incorreto. Saber num sentido metafísico é para poucos, é ter uma visão imperceptível para a maioria, é, por exemplo, ver geleiras no mar sem vê-las diferentes do mar, a geleira é o mar, a água com outra forma, aspecto. Deixe-me dizer a que venho. Procurei por uma palestra, como sempre em inglês, para ouvir durante a caminhada de ontem. Reencontrei uma americana de 85 anos, ativíssima, Sandra Hart. E ela anunciava no início da palestra “Os cinco segredos antienvelhecimentos que você vai precisar para sempre”. Interessante, fui ouvir. Sandra falou obviedades e uma formidável bobagem. As obviedades são alimentar-se de forma cuidadosa, evitando os lixos que nos são oferecidos em todos os cantos, fazer ginástica todos os dias, ter amigos, essas coisas… Cuidados que levam à saúde e a uma cabeça “jovem”. No final, arrematando os conselhos, Sandra recomendou um determinado produto químico para ser usado na pele e com ele evitar rugas, especialmente no rosto. Tolice pura. Não são as rugas que nos envelhecem, somos nós que criamos as rugas, as piores rugas. Falo das rugas dos ranços na velhice, da falta de educação e respeito para com os outros e, acima de tudo, com nós mesmos. Já disse aqui, pode parecer psicologia barata para muitos, que envelhecer não é ver as folhas passadas do calendário, mas azedar-se a pessoa para a vida pessoal, interna, e socialmente. Tirar o time de campo é envelhecer, vejo muitos desnorteados sonhando com a aposentadoria, outros fazendo festa porque se aposentaram. Vão ver o que é bom… Passado o tempinho da lua-de-mel (não abro mão dos hífens), a pessoa vai começar a acordar para o vazio na vida, o não ter o que fazer nem compromissos com o relógio. Um inferno, isso sim é envelhecer. Ah, e é bom não esquecer, nem todos têm pele lisinha, parecendo bem mais jovem do que é; o que nos envelhece, nos tira do sério, é a cabeça, o modo de pensar e, sobretudo, o suspiro do: já deu. Um suspiro muito comum para os que festejam aposentadoria, porém, cada um vai colher o que semeou ao longo da vida.

DIVERSÃO

Fico pensando, como é que há quem faça isso e coloque num programa de televisão? Quis relaxar um pouco, fiz o chimarrão e liguei no Trip Brasil Canal, canal de viagens e recreações. Pô, os caras mostravam um hotel à beira de um rio na Amazônia e um mentalmente tapado praticando pesca recreativa, e mostrava, sorrindo, um baita tucunaré recém-pescado. Que nojo de um tipo desses que se diverte matando bichos indefesos… Por que não pesca livros? Desliguei a tevê.

BOBÃO

Num PodCast, dessas bobagens da moda, um guri, bem articulado, mas idiota, dizia que era perda de tempo estudar Filosofia, estudar Matemática, Geografia, essas coisas, que isso não dá dinheiro… Dizia de um modo bem fluente, não era medíocre falando, mas era otário no que dizia. Precisamos sim de todas as ciências e conhecimentos possíveis, a vida não é feita só de trambiques, guri bobo!

FALTA DIZER

No programa Sem Censura, Canal Brasil, uma mulher falava sobre educação de filhos, de crianças, só que… Ela tinha os dois braços absolutamente riscados, não se conseguia ver a pele dela. Como uma mulher dessas vai educar um filho, filha? Antes de falar, olhar-se no espelho do autorrespeito faz bem…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.