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Entre a Polícia Federal e o STF, quem erra mais nas investigações contra Bolsonaro?

Por: Deltan Dallagnol

10/07/2024 - 06:07

 

Nesta última segunda-feira (08), a imprensa inteira repercutiu um fato bombástico: a Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro pelo caso das joias, apontando que o ex-presidente teria desviado cerca de R$ 25 milhões. Durante toda a tarde, a imprensa repercutiu a cifra de R$ 25 milhões, só para que a PF revelasse, mais tarde, que a estimativa estava errada: na verdade o valor correto era de R$ 6,8 milhões.

 

Já era tarde: praticamente todos os grandes jornais do Brasil, como a Folha de S. Paulo, o Estadão, O Globo, UOL, Metrópoles e outros portais já haviam divulgado a cifra errada, e bastante significativa, de R$ 25 milhões. O erro da PF logo gerou diversas críticas nas redes sociais, afinal, se a PF não consegue nem mesmo se entender com ela mesma sobre o valor estimado das joias que Bolsonaro teria desviado, o que mais nesta investigação pode estar errado?

 

O erro da PF logo lançou sombras e dúvidas sobre a qualidade geral da investigação. O relatório final que indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas tem mais de 400 páginas, e não seria surpreendente descobrir que no meio da apuração agora divulgada outros erros graves estejam escondidos. Talvez pior do que o erro sobre o valor estimado das joias seja a impressão de direcionamento da investigação que ficou, e que é reforçada por recados de ministros do STF na imprensa de que Bolsonaro será condenado, mas que sua prisão só ocorrerá depois do trânsito em julgado, para não o transformar em mártir perante o povo.

 

O erro de R$ 25 milhões também gera um prejuízo óbvio para as defesas e as imagens dos investigados, já que a imprensa repercutiu durante o dia inteiro um valor falso, mas que chama muito a atenção das pessoas. Milhares que viram a notícia original ficarão com esse valor na mente e não verão a correção subsequente da PF, o que causa um dano evidente aos envolvidos, que, ressalte-se, ainda não foram nem denunciados, nem condenados, e que têm presunção de inocência enquanto a Constituição de 88 for vigente no Brasil.

 

Para se ter uma ideia, a frase “25 milhões” e a hashtag #BolsonaroNaCadeia ficaram entre os assuntos mais comentados do X, antigo Twitter, durante toda a segunda e terça-feira (09), com a esquerda fazendo amplo uso político do indiciamento e do número falso para desgastar Bolsonaro. A primeira informação enganosa sempre chega mais longe do que a informação correta.

 

É a mesma espetacularização do processo que a esquerda e os hipócritas garantistas de ocasião criticavam na Lava Jato sem razão, já que os fatos na Lava Jato eram bem mais graves e envolviam cifras bilionárias, além de serem recheados de provas. Como a espetacularização do processo acontece, agora de verdade, com sinal trocado contra Bolsonaro e figuras da direita, aí a esquerda e os garantistas de ocasião celebram e comemoram, esquecendo das críticas que faziam na época da Lava Jato.

 

Cabe a cada um responder pelo que fez e, se crimes foram cometidos, que todos sejam responsabilizados conforme prevê a lei, com a garantia de todos os direitos de defesa e do devido processo legal. O problema é que já sabemos que os direitos de Bolsonaro e dos demais investigados já estão sendo violados, já que nenhum deles tem foro privilegiado no Supremo, de modo que a Corte sequer tem competência para julgar esse caso. Comparado com essa gigantesca ilegalidade, o erro de R$ 25 milhões da PF é fichinha.

 

 

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