Embustes do cotidiano – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

10/06/2024 - 07:06

Pior cego é o que não quer ver… Já falei disso aqui. Claro que esse ditado é uma adaptação, mas essa “cegueira” acontece com todos nós. E essa “cegueira” vem dos mecanismos de defesa do ego, um jogo inconsciente que todos fazemos para nos defender de nossos desejos ou ações erradas. Sabemos o que é errado, nem os bebês escapam, é um instinto humano. Então, que quando pisemos na casca da banana não usemos da desculpa de que não a tínhamos visto, tínhamos sim. Um babacão, vamos imaginar, representa um grupo ou mesmo o povo, faz uma asneira e depois vem pedir “humildemente” desculpas, dizendo que foi uma distração… Não foi, ele sabia o que estava fazendo, malandro das desculpas “póstumas”… Quem não sabe que há coisas que melhor dizemos quando calamos? Fora disso, fala, se queres que te conheça! Dizer “errei” pode ser aceito pelos frouxos como uma retratação, um arrependimento, mas fique claro, foi intencional. Não existe erro sem consciência. Ocorre que muitos dos sonsos das traições, das safadezas, fazem o que fazem de errado apostando numa posterior desculpa. Como os toldados da cabeça são maioria, aceitam os pedidos de desculpas. Nos casamentos então nem se fala, o que há de puladores de muro com caras de ingênuos, com desculpas frias, com mentiras deslavadas formam a maioria dos machinhos casados. Maioria, eu disse. Mas as mulheres sabem disso, ô, se sabem, ficam caladas ou por medo ou por conveniência. As da conveniência são maioria… A vida é uma seqüência de mentiras, há quem diga que sem mentiras a vida se torna insuportável. Espertos…! Não nos damos conta, mas muitos dos nossos apegos a objetos ou trastes que temos em casa, coisas velhas que foram úteis no passado, ou coisas velhas que nos fazem lembrar bons momentos passados, é estultícia que nos alonga sofrimentos. Sem nos darmos conta, esse apego é uma tentativa mágica de continuarmos a viver aqueles passados bons momentos. Impossível. É jogar fora as inutilidades simbólicas e criar novos bons momentos no presente. E o presente é o nosso único presente… Se for um limão, sabe-se, transformá-lo em limonada. Viver essas mentiras inúteis é prisão perpétua na vida; lixo, lixo com elas. E nunca esquecer as mentiras dos safados e das nossas piores mentiras: as que contamos a nós mesmos…

BEATOS

Beatos? Sei bem… Manchete: – “Médicos não querem fazer aborto em vítimas de estupro”. A notícia vem de São Paulo. Mais uma vez, pergunto: e se a estuprada fosse sua filha, “doutor”? Ou se fosse sua mulher, sua mãe, hein, recusaria o aborto legal? Aliás, todos os abortos são legais, é a mulher decidindo sobre o corpo e a vida dela. Sem ruídos hipócritas, hipócritas!

CARTAZ

Mulheres do povo, mulheres pobres, têm se reunido na frente de hospitais em São Paulo, segurando faixas. Na maioria dessas faixas, lê-se: – “Abortos acontecem, ricas pagam e as pobres morrem”! Alguém contesta? Quem não sabe que em todas as cidades, em todas, eu disse, mulheres ricas, de famílias metidas, fazem aborto na hora em que bem entenderem? Algum ingênuo discordaria? Tens provas, Prates? Nenhuma, tenho é certeza, direito meu, não arredo pé. Ué, gente!

FALTA DIZER

Mundo das mentiras, este de hoje. Um guri mal-educado, que não para quieto, é diagnosticado com uma doença… Não é doença, é falta de educação. Sonsos. Bom, não vamos longe, barbeiros agora são identificados em muitas capitais brasileiras com “engenheiros capilares”. A barbearia virou engenharia capilar. Socorro, uma nave para Marte…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.