É duro ser mulher

Por: Luiz Carlos Prates

27/02/2016 - 04:02

Os jovens são “imortais”. Os mais velhos, os que estão acima das idades mais verdes sabem que na juventude não se pensa na finitude, na morte. Juventude tem como sinônimo morte. E isso faz parte da Natureza para nos dar o alento de que precisamos para lutar por nossas causas, construir famílias e gerar sucessões… Tudo muito bem “calculado” pela Natureza. A morte só entra no roteiro diário da vida depois de algumas décadas, fora disso é sinal de alerta, algo está errado. Errado como indica esta manchete publicada por um jornal de São Paulo: “Suicídio de mulheres entre 15 e 34 anos avança na cidade de São Paulo”. Alarmante.

A notícia fala de São Paulo mas o que acontece em São Paulo acontece no mundo… E por que mulheres em plena idade dos sonhos estão se matando? Bolas, por razões óbvias, e vão se matar ainda mais.

O mundo nunca foi bom para as mulheres, e quando digo o “mundo” estou falando dos homens. Os homens, regra absoluta, são toscos contra as mulheres. E, o pior, um sem-número de mulheres fazem coro com eles.

A mulher, nessa idadezinha de brincar de professora ou bailarina, isto é, entre os 15 e os 34 anos, está sendo cobrada como talvez nunca antes na História. Tem que ser magra, alta, cabelos assim, olhos assado, tem que ser extrovertida, tem que namorar muito, não pode ser “séria”, tem que ser, enfim, uma idiota completa… Sendo assim, será aceita. Mas aceita até certo ponto, logo ali tem outra mais sirigaita que já vai ofuscar a anterior. A mulher é estimulada, cobrada a ser leviana, fútil, vale dizer, ter os desenhos do corpo de acordo com o desejo de posse dos homens casca grossa, maioria…

Mulher que é mulher é silenciosa, consciente de seus valores, sabe que beleza é futilidade sazonal na vida, sabe que os permanentes da vida são os valores da personalidade e do caráter, exatamente os valores que põem a correr os homens ocos… Maioria?

Quando a mulher não se ajeita nessas exigências ela se estressa, cai fora do rebanho ou se sente mal dentro dele, e vai ficando cada vez mais sozinha e angustiada. Nessas condições e sem “amigas”, sem pai nem mãe para observar e estender a mão, elas se matam. Muitas se matam. Mas que fique claro, todas as suicidas enviaram antes muitos sinais, se mataram mais por cansaço da solidão que por outras razões. E que fique claro, as chamadas “amigas” não são amigas, são conhecidas. Amiga mesmo talvez só a Virgem Maria tenha tido, talvez… É duro ser mulher.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.