Acabei de ler um jornalista gaúcho dizendo coisas que não devem ser tomadas como orientação para outros jornalistas, especialmente os jovens. Vou começar falando de mim. Durante 25 anos não fiz outra coisa na vida senão narrar jogos de futebol, num tempo em que se ia de corpo e alma aos estádios. Hoje, 99% das narrações são do estúdio, tudo para as emissoras poupar dinheiro. Uma postura fakenews. Narrei futebol num Estado, RS, onde o sujeito é gremista ou colorado. Pois durante todo meu tempo de narrador fui apontado nas ruas como gremista. E sou mais colorado que o fundador do Internacional. Aconteceu que quando eu narrava um gol do Grêmio eu lembrava que não podia narrar aquele gol como colorado, mas como gremista. Foi o que fiz e por isso muitos me consideravam gremista, pela histeria com que eu narrava os gols do Grêmio. Esse jornalista que citei, demitido de uma emissora de Porto Alegre, disse que o jornalista que esconde seus amores esportivos ou políticos é um farsante. Estúpido. A multidão que lê jornal, que ouve rádio, que liga a tevê é de todos os tipos, falar para um só determinado tipo ou lado político é mancada na certa. Isso não significa não elogiar este ou aquele eventualmente, posso elogiar o Lula ou o Bolsonaro e não ter nada a ver com eles, tudo vai depender das circunstâncias. Posso torcer hoje para o Avaí, amanhã para o Figueirense, depois de amanhã para a Chapecoense, tudo por uma circunstância. O que o jornalista não deve fazer é proclamar-se um comprometido a favor deste ou daquele. Quem faz isso esquece que ele deve buscar sempre o melhor, ainda que erre, mas o melhor para todos. Ademais, por honesto que o cara seja, sempre será suspeito ao falar o que quer que seja. Claro que por dentro todos temos afetos. Olhe, vale para o casamento. O sujeito é casado com uma morena, está com ela quando passa uma loira e ele “suspira” em voz alta: – Bah, que beleza…! Nesse caso, divórcio na hora. Segura a língua, parvo!
VERDADE
A vida é uma verdade, difícil é saber onde ela mora, até já foi dito que a felicidade só nos será “garantida” se estivermos de mãos dadas com a verdade… Hummm… Acabei de ler uma frase de Albert Camus que serve para todos nós: – “E no meio de um inverno aprendi que havia dentro de mim um verão invencível”. Concordo, o diacho é saber desse verão… Mas ele existe sim dentro de todos nós, de todos…
CARA
Bandido não tem rosto, tem cara. Dia destes, um vagabundo, menor de idade, entrou numa escola em Santa Catarina (mais um e mais uma vez…) para esfaquear um colega. Foi pegado, mas não lhe tiraram a máscara ao fotografá-lo. E ainda por cima o chamavam de “suspeito”. Um cara pegado em flagrante, bandido sem desculpas, é “suspeito”? Ah, mas a lei diz que… Lei com bandido pegado em flagrante? Vagabundos incorrigíveis são protegidos pela “lei”? – Ah, esquecia, estamos no Brasil…
FALTA DIZER
Gato preto dá azar? Para os idiotas dá. Entrar de pé esquerdo na reunião dá azar? Para os incompetentes dá… A manchete dia assim: – “Endrick mal chegou ao Real Madrid e já tem o primeiro problema dentro do clube”. O tal problema é que ele vai jogar com a camisa 16, e essa camisa tem dado azar, dizem os torcedores boçais. Endrick, brasileiro, 17 anos. Não existe azar para os competentes.