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“Dia Mundial da Alimentação e o desafio de combater a fome”

Foto Arquivo Freepik

Por: Caroline Pappiani

16/10/2020 - 11:10 - Atualizada em: 16/10/2020 - 13:58

16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação. Esta comemoração é importante para conscientizar a opinião pública sobre questões relativas à nutrição e à alimentação.

 

Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), “Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”.

 

No Brasil, a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) com vistas em assegurar o direito humano a uma alimentação adequada.

Insegurança alimentar

A insegurança alimentar leve reflete a instabilidade quanto ao acesso a alimentos no futuro. A qualidade é comprometida visando à quantidade de alimentos, ou seja, existe preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição, devido à falta de recursos para adquirir alimentos.

Já a insegurança alimentar moderada equivale à redução quantitativa de alimentos e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da indisponibilidade de alimentos (restrição alimentar) entre indivíduos adultos.

E a insegurança alimentar grave é a redução quantitativa de alimentos e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da indisponibilidade de alimentos entre crianças (há presença de FOME).

Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relataram que a insegurança alimentar grave atingiu 3,1 milhões de lares brasileiros em 2017/2018. Esse percentual significa que 10,3 milhões de brasileiros estão nessa situação.

Um dado ainda mais alarmante da POF 2017/2018 é que metade das crianças brasileiras menores de cincos anos vivem em domicílios com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave).

Combate à fome

A intenção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com a criação do Dia Mundial da Alimentação, é conscientizar a população e atrair a atenção das estruturas do poder para a natureza e as dimensões dos problemas alimentares, desenvolver um sentimento de solidariedade e reunir apoio ao combate à fome, à desnutrição, à pobreza e às suas causas básicas.

Tem um trecho de um livro de Epidemiologia Nutricional que retrata muito bem esses questionamentos, pois não há como pensar o alimento fora da relação humana e de todos os processos culturais, psicossociais e econômicos.

Alimento seguro, do ponto de vista sanitário, não é necessariamente adequado nutricionalmente, culturalmente e socialmente. Se os processos pelos quais esse alimento é produzido geram desigualdades sociais e econômicas e agridem culturas estabelecidas, não se pode considerar que a Segurança Alimentar e Nutricional tenha sido alcançada.

Segundo Josué de Castro, “fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criações humanas”. Já dizia Herbert José de Souza, mais conhecido como Betinho, “quem tem fome tem pressa”.

Encerro essa reflexão com a fala do Papa Francisco, “a batalha contra a fome e desnutrição não vai terminar enquanto a lógica do mercado prevalecer e os lucros forem perseguidos a qualquer custo”.

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Caroline Pappiani

Graduada em Nutrição pela Universidade Regional de Blumenau. Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo. Possui doutorado sanduíche na Universidade de Umeå, na Suécia. Atua como professora da Faculdade Metropolitana de Blumenau e nutricionista na Sportmed.