Já disse repetidas vezes aqui que nós somos nós e nossas circunstâncias. Por circunstâncias entendamos tudo o que nos cerca, especialmente pessoas, tanto as que nos educaram na infância quanto as outras que hoje nos andam por perto. E muito importante, não esquecer, nossos valores vieram de fora e nós os adotamos. Somos bem mais do que pensamos ser. Estou diante de uma manchete que veio do Ministério da Saúde, trata de doenças relacionadas ao trabalho. Antes de ir adiante, já deixo claro que um trabalho incômodo é como um sapato apertado, cabe a nós tirá-lo e jogá-lo fora, ou…Suportá-lo, afinal, o poder de decisão é nosso. Segundo o Ministério da Saúde, burnout, ansiedade, depressão e suicídio mais das vezes vêm do trabalho. Esse o resumo da ópera, certo? Certo nada. Falta de pudor, de respeito, de conhecimentos de quem diz isso. Antes de tudo, não somos escravos, se o “sapato” está nos fazendo doer os pés quem nos impede de mandá-lo longe? Mesma coisa para o trabalho. Nossos mecanismos de defesa do ego, isto é, razões que criamos de modo inconsciente, fazem-nos transferir para o trabalho problemas que trazemos de casa. E essa casa começa dentro de nós, coisas nossas, da infância, da vida até hoje. Admiti-las vai-nos fazer assumir a responsabilidade pelos nossos incômodos emocionais, pelos inconscientes mecanismos de defesa do ego, então, é bem melhor apontar o dedo: a culpa é do trabalho. Insisto, se a culpa é do trabalho, por que não pedir demissão e ir para outro trabalho? Depende só de nós. É como aquela coisa das mulheres “ingênuas”, as que apanham dos maridos e dizem que eles só ficam violentos depois de beber. Que estúpida desculpa. Levamos para o trabalho, ou para onde for, o que já estava dentro de nós. Vale para o casamento. Os defeitos vividos enquanto solteiros levamos para a vida a dois. Ninguém muda só porque casou. Acreditar nessa tolice é pior do que acreditar em fantasmas ou em Papai Noel… Ah, então, é bom fazer psicoterapia, vou me curar! Não, não me vou curar, vou, isso sim, ter um pouco mais de consciência sobre de onde vêm os meus ranços, ou brutais comportamentos. Somos o que fizeram de nós na infância e o que trazemos dentro de nos ainda no útero. Ninguém muda.
LIBERDADE
Muitos confundem aposentadoria com liberdade, crasso engano. Nos primeiros dias de aposentadoria, “alguns” pensam que agora têm liberdade, podem dormir até tarde, sair, viajar, pintar e bordar e não têm mais que ir obrigatoriamente para um local de trabalho. Coitados dos que pensam assim. Vão logo descobrir que não há nada pior na vida que a vida vazia, sem datas, horários, compromissos, realizações. Todavia, os que pensam assim vão descobrir brevemente seu danoso equívoco.
EXEMPLO
Sobre essa questão de aposentadoria ser tomada como liberdade, ouvi ontem uma entrevista, numa emissora nacional, os desabafos de uma repórter que por 31 anos apareceu na tela da Globo. Dispensada do trabalho, aposentada, pirou. Ela contou. Pirou ao ponto de fazer vestibular para Psicologia, formar-se aos 65 anos e voltar ao convívio “humano”, ajudando pessoas. Quando “casamos” com o nosso trabalho, o amor não nos cansará. Ao casamento…!
FALTA DIZER
Dia destes, estive fazendo palestra na festa de fim de ano de uma grande empresa catarinense. Enfatizei ao pessoal que eu estava participando de uma festa “em família”. O ambiente profissional é, tem que ser, nossa segunda família. E para muitos é a única. Abençoados, foram salvos…