Desaforos – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

08/09/2023 - 10:09 - Atualizada em: 08/09/2023 - 10:11

Quem já não ouviu um abestado dizer que – “Ah, eu não levo desaforo pra casa”! Leva sim. Dependendo de quem venha o desaforo o bobão vai levá-lo para casa, sim. A questão não e o desaforo propriamente dito, a questão é quem diz o desaforo, quem o ouve e por que razão. Ademais, quem não leva desaforo para casa é pessoa sem habilidade no pensar, no falar e no viver. O que me traz a esta arenga, leitora, é uma habilidade muito esquecida ou ignorada pela maioria. Os sensatos a conhecem bem. Falo da habilidade de saber discordar. Ouvimos alguém arrotando uma bobagem política, por exemplo, coisa muito comum entre a “brasileirada”, e aí vamos retrucar no mesmo tom? Só se formos um desequilibrados como o sujeito que disse a bobagem. Essa habilidade de ouvir, entender e não dar o troco, o tal não levar desaforo pra casa, é habilidade rara, mas que pode e deve ser buscada pelas pessoas que querem ser alguém na vida. Dar o troco na hora, dizendo uma tolice, um palavrão, uma ofensa, vai agravar a dissidência. Imaginemos em casa, marido e mulher. Por mais pombinhos que sejam no cotidiano da vida, sempre haverá momentos de discórdias. E aí? Vou chamá-la de orelhuda? Ela vai me chamar de narigudo? Quem o fizer, quem disser tal tipo de tolice, vai lançar uma semente para o resto da vida na memória da pessoa ofendida. Saber discordar não é ofender, é ter habilidades de pensar antes, de dizer de modo hábil, sem barbarismos, e ficar na sua. Pouca gente age assim. Nem é preciso lembrar daquela frase de que faço uso por aqui com muita frequência, aquela do – “Fala, se queres que te conheça”. Falando nos revelamos, nos desnudamos por hábeis que sejamos. Discordar é não dividir da mesma ideia, mas é discordar da ideia de modo a que o antagonista não se veja ferido ao ponto de levar adiante a discussão. – Ah, mas eu não quero sair da discussão como perdedor! – Ah, não queres? Sai perdedor qualquer idiota que entre numa discussão. As pessoas hábeis ao discordar nos deixam com um certo sentimento de culpa, e tudo porque não discutiram ao discordar. Esse preceito do – saber discordar – é o elixir da longa vida nos casamentos.

LOUCURA

Sempre que posso, converso com mulheres que trabalham em supermercados. Ontem, uma dessas mulheres, de um supermercado de Florianópolis, me disse que a empresa devia contratar psicólogos para atendê-las. Os funcionários, ela contou, estão enlouquecendo com a falta de educação e com a estupidez “generalizada” dos frequentadores. As supermercadistas estão enlouquecendo, elas têm que engolir em seco os desaforos. E quem não sabe? A brasileirada anda uivando…

CARA

Quem não se respeita não tem rosto, tem cara. Ontem vi um tipo, metido a macho, com uma tatuagem ao lado da cara, “lábios em forma de beijo” era a tatuagem. – Ah, cara, te revelaste pela tatuagem! Conheço uma salinha dos fundos onde tu vais aprender a beijar, ô, se vai. Não tem cabimento o que muitos estão fazendo com seus corpos. Revelam-se do pior modo. Semeiam? Vão colher.

FALTA DIZER

Pragas. Imagine, leitora, todas as piores pragas que podem ser jogadas sobre alguém. Imaginou? Fora as pragas que roguei para os malditos que produziram esta manchete que acabei de ler: – “Polícia (SP) resgata 14 cães vítimas de maus-tratos em canil clandestino”. Bichinhos para serem vendidos. Os animais não são animais, animais são os humanos que maltratam animais. O que é de você está guardado, ô, se está!

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.