Deixando a terra natal rumo à “Heimat”

Foto: Freepik

Por: Emílio Da Silva Neto

22/06/2023 - 10:06 - Atualizada em: 22/06/2023 - 16:52

 

Feliz do imigrante que se emociona com a canção “Eu Nasci com Asas”,
que fala sobre deixar a terra natal para alçar novos voos e buscar uma nova “Heimat”(*)

O conteúdo da coluna desta quinzena seria sobre um Grupo de 05 Amigos (“amigos-irmãos/irmãos-amigos”, nas palavras de um deles), que se encontram sempre na penúltima 4ª feira do mês, pontualmente às 19h45, em algum restaurante, para, entre comes e bebes, “jogar conversa fora” e trocar conhecimentos multidisciplinares entre áreas independentes entre si, desde a teologia, engenharia, medicina, advocacia e magistratura. Mas, fui desrecomendado, por razões que “não vêm ao caso”. Mas, até o meu aniversário de 70 anos (11.08), acontecerá !!!

Buscando uma saída inspiracional, lembrei que dos 05 colegas, todos de nível superior, 02 deles Doutores em suas áreas, nenhum deles é natural de Jaraguá do Sul, algo mais que corriqueiro, por estas bandas, não ?

E este será o tema desta coluna: a imigração forçada e a natural, entre cidades, países e continentes.

2022 foi o ano em que mais pessoas foram forçadas a migrar de suas casas, desde 1970. É isso que diz um relatório da ONU, apontando que, no total, quase 110 milhões de pessoas estão “deslocadas” ao redor do globo, número este, equivalente à metade de toda a população brasileira ou cerca de 1,5% da população mundial.

Esta conta engloba pessoas que fugiram de suas casas, devido a conflitos armados, situações de violência discriminatória ou política, catástrofes naturais e pobreza.

Os conflitos que mais impulsionaram foram Rússia-Ucrânia, Afeganistão, Síria e a guerra civil no Sudão. Na Ucrânia, 8 milhões deixaram o país e 6 milhões migraram internamente. Somando, isso representa mais de 30% da população do país, sendo esta a crise migratória mais acelerada desde a 2ª Guerra Mundial.

Mais um dado assustador: ainda que representem apenas 30% da população do globo, 40% dos “deslocados” à força são menores de idade.
Este “estado do nosso mundo” nos leva a questionar sobre a defasagem entre o desenvolvimento tecnológico e o dos valores do ser humano. Por que ficamos para trás, como gente, vivendo esta hecatombe socioeconômica ? Será que a IA-Inteligência Artificial poderá nos ajudar a enfrentar esta “realidade aumentada” dos velhos flagelos conhecidos ?

As soluções estão cada vez mais difíceis de imaginar, até de colocar na mesa, pois se está em um mundo muito polarizado, onde as tensões internacionais se desdobram em questões humanitárias. Parece um “túnel sem luz no fim”, de nada adiantando as 1001 “ONUs da vida” !!!

As primeiras migrações das quais se têm conhecimento foram a do casal Abraão e Sarah e seu povo, da Mesopotâmia para Canaã e, bem depois, a dos hebreus, do Egito, de volta para Canaã, conhecida como “Êxodo”. Depois, em 70 d.C., os romanos provocando a diáspora, processo de dispersão de judeus para todo o mundo.

E, pelos séculos, a maciça emigração europeia, asiática e africana às Américas, deslocando o centro do mundo para o ocidente.

No caso do Brasil, o sul foi o mais “contemplado” com a forçada vinda de europeus, por motivos de extrema pobreza e “trabalho escravo” (aquele do qual “nunca se consegue adquirir nem um “chão” (**)) entre os quais, principalmente, alemães, austro-húngaros, italianos, poloneses, tchecos, ucranianos e japoneses, que criaram um “eldorado subtropical”.

Felizardos, portanto, os 05 membros do supracitado Grupo, todos nascidos fora de Jaraguá do Sul e gratos pela migração a esta cidade, não por fome, perseguição ou intempéries, mas, sim, pela busca de ambientes para aplicar e desenvolver suas competências profissionais e humanas. Afinal, Zé Geraldo e João Ormond, em “Eu Nasci com Asas” (***), cantam, justamente, sobre “deixar a terra natal para alçar novos voos”.

Sim, hoje, nessa nossa amada Heimat (*), os cinco imigrantes são sessentões e setentões realizados, onde constituíram família, fizeram carreira e formaram seus círculos de amizade.

Se perguntados forem, respondem de onde são: “de Jaraguá do Sul” … jamais de Gaspar, Timbó, Florianópolis, Caxias do Sul ou Chile …
Endless love !!!!

P.S.: enquanto escrevia, escutei a canção (***). Juro, chorei !!!

 

(*): HEIMAT (pronunciado “háimat”) é uma palavra alemã, que se traduz como ‘terra natal”.

A palavra tem conotações específicas para o regionalismo alemão,
especificamente o romantismo alemão,
de modo que não possui um equivalente exato em português.

(**): CHÃO, expressão idiomática regional,
significando terra/terreno/propriedade própria, para a família

(***): EU NASCI COM ASAS,
https://www.youtube.com/watch?v=TBKxC549acQ

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Também, com dedicatória personalizada, diretamente com o Autor

Emílio Da Silva Neto

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Emílio Da Silva Neto

Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar.