Deitar e dormir – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

14/05/2024 - 07:05

Perdi a conta do número de vezes que dormi num banco traseiro de uma Kombi. E isso acontecia quando eu voltava de jogos que transmitira em cidades bem distantes de Porto Alegre. Eu era narrador, a transmissão acabava por volta da meia-noite e o sono estava garantido, na Kombi. Já dormi também incontáveis vezes no chão de hotéis, numa improvisação com colegas, tudo a trabalho. Já devo ter dormido de pé… Sono bom, reparador. E esses “colchões” me incomodavam? Pelo contrário, me embalavam o sono, inesquecíveis sonos. E hoje? Hoje com freqüência perco o sono, dormindo em colchões da melhor qualidade. Não é o colchão que nos dá o bom sono, é a cabeça, leve, desgrudada de inquietações. Toda esta marola, leitora, para dizer que acabo de ler uma reportagem internacional sobre “O turismo do sono”. O pessoal do comércio hoteleiro não brinca em serviço. Agora, inventaram, em vários lugares do mundo, hotéis onde você vai dormir bem, garantidamente. E os hotéis são descritos como absolutamente silenciosos, com design calmante, climatização especial, aromas tranqüilizantes, travesseiros com pele de ganso, sessões de ioga, meditação, uma lista de facilitadores do bom sono. Certo? Neca, peteca! Não é o ambiente que nos tira o sono, ah, isso eu garanto batendo na mesa. Quando estamos na nossa dormimos no chão, com frio ou calor, com barulho ou sem barulho, nosso sono nesses casos é regido por nossa paz, por nossos relaxamentos na vida. Qualquer pessoa dorme em qualquer lugar dependendo de como está a cabeça dela, ou não dorme. Hoje, quando deito e não durmo ou custo a dormir não é pela conta de luz atrasada, ah, não é, é por outras razões, razões que não raro são estúpidas, mas são minhas, criadas, vividas por mim. E não adianta o sujeito bancar o babaca e sair por aí a procurar remédio para dormir, na verdade, anestésicos… Deitar e dormir é natural para todos os bichos, mas o bicho humano tem dentro de si o que na minha infância se chamava de bicho-carpinteiro, o que não para quieto. Toda vez que uma Kombi passa por mim sinto saudade, saudade daquele sono inesquecível no banco traseiro ou mesmo no chão da Kombi, como dormi tantas vezes. Volta, Kombi dos meus sonhos, volta!

POBREZINHOS

Quem são os pobrezinhos? Os bichos. Quando um homem é mal-educado ele é chamado de “cavalo”. Quando é uma mulher é “vaca”, quando alguém é descuidado na limpeza é “porco”, isso quando não é chamado de cachorro. Os bichos estão na deles, fazem o que lhes é instintivo, já os humanos, ah, esses não têm como escapar, são como são, mas os bichos indefesos pagam o pato… Respeito aos bichos, bichos…!

MODERNIDADE

Consultas médicas on-line, aulas a distância, sem presença física nas escolas ou faculdades, home-office, modernidades rançosas… Comodismos e fracassos posteriores garantidos. Um contato presencial, físico, com um bom médico apressa a cura e gera confortos psicológicos. Aulas a distância são “acomodações” os indolentes e lucros polpudos para grupos econômicos nem aí para o bom ensino. Não existem caminhos fáceis, atalhos, para sucessos na vida. Ou suar muito ou pagar a conta, como trouxa.

FALTA DIZER

A manchete que se repete: – “Estresse na meia-idade eleva o risco de Alzheimer”. Alzheimer é uma danação, não tem cura e acaba com a memória da pessoa. Mas fique claro, o estresse dana a saúde toda em todas as idades, é um veneno lento. O remédio é mudar a cabeça, mas… É a mudança mais difícil na vida…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.