Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Da Califórnia ao Brasil: piedade para culpados é crueldade com inocentes – Deltan Dallagnol

Por: Deltan Dallagnol

13/11/2024 - 06:11

 

Em 2014, a Califórnia, o estado mais esquerdista, progressista e “woke” dos Estados Unidos, decidiu realizar um experimento social curioso: transformar alguns crimes não violentos em meras contravenções penais, infrações com punições leves. Um dos crimes atingidos pela mudança foi o furto de itens em lojas com valor abaixo de 950 dólares (cerca de R$ 5 mil na cotação atual). A justificativa para a mudança? A necessidade de reduzir a população carcerária do estado, que estava perigosamente próxima da superlotação.

No entanto, o sonho californiano tornou-se um pesadelo: desde 2014, as redes sociais foram inundadas com vídeos de jovens encapuzados invadindo lojas como a Apple e, de forma violenta, arrancando iPhones e iPads dos balcões, colocando-os nos bolsos e saindo impunes, enquanto vendedores e clientes apenas observavam e registravam a cena em seus celulares, sem reagir. Outras grandes varejistas americanas, como Target, Walmart e Home Depot, sofreram com o mesmo tipo de assalto, e os prejuízos se acumularam ano após ano.

Passou a ser normal para os californianos entrarem em lojas e farmácias e encontrarem itens comuns, como pasta de dente, trancados em cofres para evitar pequenos furtos, praticamente legalizados no estado. Lojistas, trabalhadores e consumidores foram obrigados a conviver com essa realidade. O Procurador Distrital do condado de Tulare, um dos mais afetados, relatou que o número de furtos aumentou 371% desde a implementação da nova lei, e 82% dos criminosos capturados já tinham outros casos de furto em suas fichas. Um estudo do Instituto de Políticas Públicas da Califórnia mostrou que, após a mudança de 2014, os crimes em lojas atingiram suas taxas mais altas desde o ano 2000.

Não demorou para que a população californiana percebesse o óbvio: era mais fácil e mais justo com os cidadãos inocentes, que seguem a lei e pagam impostos, prender os criminosos do que trancar produtos como pastas de dente em cofres nas farmácias. Por isso, na mesma eleição em que Donald Trump venceu na última terça-feira, os eleitores californianos, que deram a maioria dos seus votos à candidata democrata, Kamala Harris, aprovaram uma nova lei que revoga a flexibilização dos crimes de 2014, tornando o furto em lojas novamente um crime grave, passível de prisão. No confronto entre a realidade e a ideologia da esquerda progressista, a realidade prevaleceu, como sempre ocorre.

No Brasil, Lula prepara um indulto natalino para presos mais amplo contra a superpopulação carcerária. Enquanto isso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) organiza um mutirão carcerário que pode liberar quase 500 mil presos, segundo um relatório preliminar do próprio órgão. A maioria deles (324.750) é composta por detentos que serão libertados pelo indulto natalino de Lula de 2023, que perdoou penas. É a política de celas abertas do PT, que levou a Bahia, estado governado há quase vinte anos pelo partido, a ter os piores índices de segurança pública do país. Estamos repetindo erros desastrosos da esquerda, em vez de reconhecer a verdade declarada em 1759 por Adam Smith: “a piedade aos culpados é crueldade para os inocentes”.

 

 

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp