“♫ It’s the terror of knowing/ What this world is about/ Watching some good friends/ Screaming: Let me out/ Pray tomorrow gets me higher/ Pressure on people, people on streets” (Under pressure; Queen).
Covardia não é novidade entre os seres humanos. Não é, tampouco, coisa dos tempos da internet ou decorrente da tecnologia. Aproveitar-se da força física ou do poder para machucar ou humilhar outras pessoas é, infelizmente, parte do cotidiano da história humana.
A diferença, agora, é que os covardes podem destilar toda sua sanguinolência sem, entre aspas, sujar as mãos. As redes sociais e os aplicativos de mensagens, especialmente, são os instrumentos de crueldade que podem destruir a imagem, a honra ou até mesmo a vida das vítimas.
Os donos da razão
Todo mundo já esbarrou com algum dono da razão. Aquela pessoa que sabe tudo e que tem certeza de tudo. Aquela pessoa que nunca erra. E que esculacha ou zomba – quando não ameaça – alguém com opinião diferente.
Também há aqueles que divulgam por vingança ou ignorância (relativa ou seletiva) fotos e vídeos íntimos de outras pessoas, principalmente jovens mulheres ou adolescentes. Todos sabem quais são os impactos nas vidas dessas vítimas de atos tão vis e inomináveis. As desculpas dos criminosos são as mais variadas e nenhuma delas realmente se justifica.
Na internet, essas sanhas ficam ainda mais potencializadas pela sensação de distanciamento das vítimas e de impunidade. Coisas que não seriam ditas no tête-à-tête ficam muito mais fáceis de falar – ou escrever – quando é “só uma opinião” ou um comentário nas redes sociais. Mesmo que essa opinião e esse comentário sejam desaforados, desarrazoados ou mentirosos. Ou, ainda que verdadeiros, desproporcionais ou desnecessários, pois de foro íntimo, que não deveria interessar a mais ninguém. Dos vídeos e imagens de terceiros não há sequer necessidade de comentar.
As consequências
As consequências para as vítimas podem ser muito cruéis. Como disse antes, destroçar a imagem e a honra alheias causa impactos de diversas naturezas e, em alguns casos, as vítimas não aguentam.
Mas as vítimas e seus familiares têm mecanismos legais para lutar contra essa barbárie dos covardes digitais. Tais instrumentos permitem que processem seus algozes pelo que disseram, publicaram ou compartilharam tanto na esfera civil quanto na penal.
Quanto mais as vítimas se rebelarem e mais o Judiciário entender que medidas punitivas graves são necessárias, com indenizações mais altas e penas restritivas menos brandas, maiores são as chances dos covardes digitais recolherem-se, aos poucos, a suas insignificâncias.