Troco na mesma moeda

Por: Luiz Carlos Prates

06/02/2016 - 06:02 - Atualizada em: 06/02/2016 - 10:09

Ontem me fizeram uma pergunta tão antiga quanto a primeira abóbora sobre a Terra: “Prates, quando tu fazes uma gentileza tu esperas outra em retribuição?” Evidente que sim, só um mentiroso diz que não. Aliás, aquela história de “gentileza gera gentileza” não é bem assim. Vê-se isso, e muito, no trânsito. Você faz uma gentileza para um “boca-aberta” e o grosso nem aí, pensa que você lhe fez uma obrigação. Ah, nunca mais. Isso se um pobre inocente lá na frente não pagar pelo pecador…

Dia destes, li um colega num jornal de São Paulo falando algo parecido. E ele citava uma oração, de São Francisco, se lembro bem, que diz que “é dando que se recebe”. Quer dizer, eu dou e fico a espera para receber? Claro que sim. A mesma oração diz que “é perdoando que se é perdoado”. Tudo muito interesseiro. Perdoa-me que eu te perdoo…

Seja como for, faz bem à saúde de quem é agraciado com uma gentileza, com um favor, retribuir na hora certa. Mas insisto, não é o comum. O mais comum é o “colega” te pedir, te achacar, e tu o atenderes com um favor, uma graça, e o troco que recebes é um fustigante silêncio. É o que mais acontece nos corredores das empresas. Em todos os lugares, e até – e muito – no casamento.

Todo gesto de educação e carícia para com o outro é um gesto interesseiro? Com certeza, não há efeito sem causa e não há ação sem um objetivo de felicidade, prazer ou lucro. Aquela viúva que pôs a moedinha na mão do mendigo ao entrar no templo, discreta para que ninguém a viesse, sem tocar as sinetas da exibição como fez o fariseu, era tão farisaica quanto o fariseu. Ela estava investindo diante dos olhos invisíveis de Deus. Buscava ser mais tarde premiada por Ele. Safada…

Toda virtude, todo gesto de elevação e bom exemplo, deve ser premiado, tanto em sala de aula quanto na empresa e dentro de casa, no casamento. Só fazemos o bem esperando pelo bem. Não existe a bondade gratuita, nem era preciso Freud dizer isso. Os mais antigos da história humana já haviam descoberto essa nossa safadeza genética como seres humanos. Me agrada que eu te agrado, é assim que se conjuga o verbo viver bem. Mas se eu te agradar e tu não me deres o “troco” na mesma moeda, ah, vai ter! Bah, se vai ter…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.