Crenças são noções pré-existentes, estáveis e culturalmente aprendidas sobre situações, eventos, pessoas e ideias. O modo como “compreendemos” algo e os significados que lhe atribuímos, influem na emoção que sentimos e nos nossos comportamentos relacionados a essas situações, ideias e pessoas. A dor é uma das experiências mais importantes que o nosso corpo nos oferece.
Na área de dor crônica há crenças capazes de influir na magnitude do quadro álgico, na aceitação da dor, na adesão ao tratamento e na piora da incapacidade funcional.
Essas crenças de controle, como evitar o movimento e ficar em repouso e da cura, não apenas dificulta a melhora como piora ainda mais o quadro de dor. E além da dor física, inicia-se um processo de dor emocional. Onde a capacidade física é superada pelo bloqueio mental, o medo exacerbado e irracional de mover-se, a cinesiofobia.
Uma condição onde além de evitar o movimento, limita as atividades da vida diária e participação social, evitando a realização de tarefas comuns, originando um ciclo vicioso, “não se movimenta porque dói e dói porque não se movimenta”.
Como se o movimento fosse à causa e a piora da dor. Evitar cada vez mais os movimentos acentua o comportamento de imobilidade, resultando em maior incapacidade, dependência, desuso do corpo e levando a quadros depressivos.
Sabemos que na área da saúde existem diversos tipos de profissionais, mas não encorajar a pessoa que está sofrendo de dor crônica a se movimentar é fadá-la a piora física e emocional. É preciso retirá-la deste medo. Quanto maior o medo da dor, o medo do movimento, maior a catástrofe, a hipervigilância, maior será o prejuízo, sendo que muitas vezes o perigo não é real.
Ocorre a fadiga, a ansiedade, a desmotivação e a piora. Muitas cirurgias poderiam ser evitadas, se a tentativa de enfrentar os pensamentos catastróficos fosse colocada em pratica.
Não é limitando que se resolve a dor crônica e muito menos provocando a cinesiofobia nas pessoas. É com estratégias especificas e profissionais que estão dispostos a enfrentar e a ressignificar essas crenças. É um processo gradual, onde os movimentos “proibidos” sejam vistos como movimentos naturais e comuns que realizamos no nosso dia a dia.
Deste modo, a desconstrução da cinesiofobia, o medo de se movimentar não deve acontecer somente nas pessoas que sofrem com dor há meses e anos, mas sim, nos profissionais da saúde que são os grandes responsáveis em promover saúde de qualidade para os seus pacientes e muitas vezes falta coragem e sabedoria para fazer.