
Chegada do MSC preziosa marca novo tempo no turismo de SC e do País

Colunistas
terça-feira, 12:06 - 11/04/2017

De maiô no deck de uma das piscinas no superluxuoso navio de cruzeiro MSC Preziosa, a faxineira Maria do Rosário, de Petrópolis (RJ), contou à coluna: “Fiz 50 anos ontem e ganhei essa viagem de presente do meu patrão. Nossa, como Santa Catarina é linda, quantas praias, quanta mata, quanta gente bonita, isso aqui é um paraíso”. Do deck da piscina Maria do Rosário via um cenário deslumbrante, o retrato de prédios enormes em frente à praia, emoldurados por morros de vegetação abundante – uma vista privilegiada e que surpreendeu até os catarinenses que subiram a bordo para a cerimônia de troca de placas que tradicionalmente é realizada quando um navio de cruzeiro chega pela primeira vez a uma cidade.
“Este depoimento é a mais perfeita tradução do que queremos do turismo no Brasil: uma alavanca fundamental para ajudar o país a sair da crise, mas também um instrumento de inclusão social, para que o brasileiro comum possa também usufruir de um país que tem o conjunto de maiores atrações turísticas do planeta”, afirmou o presidente da Embratur, o catarinense Vinicius Lummertz. “A chegada deste navio tem impacto nacional, pela inclusão definitiva dos mares do Sul país na rota de cruzeiros”, acredita Lummertz.
Os quase 4 mil passageiros e tripulantes que desembarcaram no atracadouro da Marina Tedesco percorreram as várias atrações da região, como o Beto Carrero, o Unipraias, o teleférico, gastando cerca de R$ 420 per capita, ou seja, mais de R$ 1,5 milhão. “Agora vamos fazer a batimetria das baías de Florianópolis, já encaminhada pelo ministro do Turismo, Marx Beltrão, e queremos avançar também para São Francisco do Sul, Porto Belo e Imbituba”, anunciou o presidente da Embratur, dizendo que “é preciso compreender que a chegada desses navios e toda a movimentação turística não impacta apenas o Litoral catarinense.
Incluindo São Francisco do Sul teremos reflexos no Norte, na região de Jaraguá do Sul e parte do Vale do Itajaí, não só como atrações turísticas, mas também como produtores de insumos para consumo dos turistas. Precisamos valorizar a produção catarinense desde o Oeste para que nossos produtos sejam consumidos aqui, onde eles têm maior valor, em vez de serem apenas commodities para exportação”.
Vencedor de uma luta desigual
Quando o MSC Preziosa, com seus 3.500 passageiros, 1.400 tripulares e uma envergadura que equivale a um prédio de 22 andares, apontou no horizonte e se aproximou de Balneário Camboriú a cidade “virou uma grande festa, nas ruas e nas redes sociais, é a marca de um novo tempo na autoestima da população”, disse o prefeito Fabrício Oliveira.
Mas de todos que subiram ao Preziosa havia um mais emocionado e também mais homenageado: o empresário Júlio Tedesco, dono na Marina Tedesco, “que lutou por dez anos contra toda a burocracia, os entraves próprios do custo Brasil e todos os demais obstáculos que são colocados à frente dos nossos empreendedores”, desabafou Vinicius Lummertz (à direita na foto, ao lado Tedesco).
Al mare
Ainda no setor marítimo: o estaleiro catarinense Schaefer Yachts celebra 25 anos com o lançamento da Schaefer 510, de 51 pés, no Rio Boat Show, na Marina da Glória. Assim como o edifício Yachthouse de Balneário Camboriú, a empresa fechou parceria com a italiana Pininfarina, responsável pelo design da Ferrari e Maserati, para assinar a versão 510. “Chegamos aos nossos primeiros 25 anos com o orgulho de ter transformado o mercado do setor no país e também como pioneiros em inovação, qualidade, tecnologia e excelência. Não é à toa que hoje nossos barcos navegam nas águas de todo o mundo”, comemora o presidente da empresa, Márcio Schaefer.
Carne Forte
SC encerra o primeiro trimestre de 2017 com alta nas exportações de carne suína e de frango. Nos primeiros três meses do ano, o Estado exportou 307,2 mil toneladas e o faturamento superou os US$ 596,4 milhões. O grande destaque foi a carne suína, que teve um crescimento de 23,6% na quantidade exportada e de 66,8% no faturamento em relação ao mesmo período de 2016. Mesmo com a desastrada Operação Carne Fraca, vivemos uma boa fase nas exportações: foram 25,5 mil toneladas de carne suína em março, 23,2% a mais do que em fevereiro, e chegou a um faturamento de US$ 60,3 milhões.
Exemplo
É modelo para todo o Estado o termo de parceria assinado pela Agência de Desenvolvimento Regional de Jaraguá do Sul e Centro Universitário – Católica de Santa Catarina para realização do Projeto Comunitário, pelo qual alunos dos cursos de engenharia elétrica e civil vão elaborar o plano diretor de melhorias e ampliação das 29 escolas estaduais da região do Vale do Itapocu. ADRs já pediram para receber o projeto, visando a implantação em outras regiões.
Obstáculos
Turistas e tripulantes do MSC Preziosa que desembarcaram na Barra Sul ficaram deslumbrados também com a construção do Yachthouse, o maior prédio residencial do país (foto), com previsão de chegar a 81 andares – e que terá entre os moradores da cobertura o craque Neymar. Um empreendimento internacional da construtora Pasqualotto/GT Empreendimentos, com design assinado pela Pininfarina, empresa de design da Ferrari.
Foi essa obra, que tem centenas de trabalhadores empregados e gera outras centenas de empregos indiretos na região de Balneário Camboriú, o alvo de uma ação do Ministério Público Federal, que pediu a paralisação da obra e a demolição do prédio, sob alegação de suposto descumprimento da lei ambiental e irregularidades na concessão de licenças e autorizações ambientais. A Pasqualotto conseguiu driblar o embargo provisoriamente na Justiça.
Custo Brasil
Sem levar em conta que a Marina Tedesco, antiga proprietária da área do edifício Yachthouse, fez um acordo com o Ministério Público em 2005 – há 12 anos, portanto – incluindo um estudo de impacto ambiental e o pagamento de R$ 200 mil de compensação, além de ter reservado uma área de preservação permanente, é bom lembrar que o projeto começou a ser erguido em 2013. A pergunta que se faz em Balneário Camboriú é simples: por que o Ministério Público esperou quatro anos para pedir o embargo da obra, quando poderia ter feito isso quando o prédio estava ainda na fundação?

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