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Casamento na Índia

Por: OCP News Jaraguá do Sul

19/02/2016 - 06:02 - Atualizada em: 19/02/2016 - 07:06

Vindo da Índia, chegou um convite para uma festa de casamento. Era da irmã de um amigo que fiz enquanto estava na Índia em 2013. Ihfur, o seu nome, é muçulmano e mais um daqueles simpáticos personagens que jamais esquecerei. Foi uma espécie de guia enquanto estive na região montanhosa onde vive e de sem igual beleza, região da Caxemira, ao norte da Índia. O povo desse lugar, predominantemente muçulmano, vive em conflito com o governo indiano – sonham com uma independência que nunca chegará. O casamento de um filho é o maior marco na vida de uma família muçulmana e hundi (a religião predominante na India). O rapaz se casa aos dezoito ou vinte, a moça se casa aos dezesseis ou dezoito. Eles não entendem que alguém passou dos trinta anos de idade e ainda não casou – imagine quem já passou dos quarenta, como eu. E casamento nesse mundo significa ter filhos, muitos filhos. Conforme o alcorão, oito filhos é o ideal, e deixa o casal mais próximo de Alá – o deus muçulmano. Via e-mail soube que a irmã de Ihfur está se casando com um distante primo que ela nunca havia visto antes. Casar com um parente é considerado mais seguro pela família. Quem arranjou o casamento foi a mãe do noivo. Ela veio conhecer sua irmã analisando a beleza e qualidades da moça. As qualidades consistem em analisar se a moça é educada e esforçada nos trabalhos domésticos. No e-mail Ihfur demonstrou euforia ao dizer que seu pai vai receber três vacas, cinco bufalos, quinze ovelhas, e mulas (não especificou a quantidade) e dinheiro em espécie como “pagamento” pela noiva concedida.

Nas cerimônias de casamento que presenciei na Índia, as noivas nunca transmitiram vontade própria de estar ali, diante do seu futuro marido. Mas sabem que são obrigadas a aceitar aos desejos dos pais – costume aprendido da mãe e avó. O maior líder contemporâneo da Índia, Mahatma Gandhi respondeu o seguinte quando interrogado a respeito da tradição dos casamentos arranjados, sem um namoro prévio: “Vocês do ocidente, quando casam o amor termina. Nós na Índia, quando casamos o amor começa”. As cerimônias muçulmanas de casamento são sempre uma “viagem” aos preceitos que temos desta festa. Depois da cerimônia religiosa, quando os noivos se conheceram, mas ainda não se beijaram, eles levam os convidados a um salão para as comemorações. Passam a festa inteira separados. Um pano divide o ambiente. De um lado o noivo, com os homens, do outro, a noiva com as mulheres. Exceto o noivo e os pais, nenhuma outra pessoa circula pelas duas salas. Todas as mulheres ficam sentadas no chão, lado a lado, cabisbaixas e comendo frutas secas – damasco não pode faltar. No lado dos homens, a alegria, a diversão e a música. Ao som de um violão e uma sanfona; dançam entre si, pulam, caem de bêbados – mesmo o álcool sendo proibido entre os muçulmanos. Não há qualquer interatividade entre eles e elas. Nem sequer o noivo dança com a noiva. Nunca é fácil, ao fim da festa, convencer a moça a desfilar num cavalo branco ao lado do seu noivo. No fim de um casamento, a mãe do noivo, respondeu-me: “Agora ela só volta a visitar seus pais com uma criança nos braços. E todos nós torcemos para que seja um menino”. De acordo com a as tradições islâmicas, após o casamento, a noiva vai morar com família do noivo.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação