Ter bons professores na infância é um prêmio para a vida toda. Tive esse prêmio. Meu pai era trabalhador, trabalhador é sinônimo de um sujeito que se rala no trabalho, pobre, vale dizer. Mas ele nunca pensou duas vezes, sempre me pôs no melhor colégio da cidade. Em Santa Maria, RS, Colégio Santa Maria, no primário, e mais tarde Colégio Rosário, em Porto Alegre, escolas de orientação católica, com “irmãos maristas” o tempo todo em sala de aula. Um prêmio. Aprendi para a vida ouvindo os “irmãos”. E hoje, relendo sobre o carnaval que passou, lembrei-me do irmão Eusébio. Numa aula de Geografia, o irmão Eusébio fez uma pausa para falar do carnaval. De modo inesquecível, eu era um piazinho, mas ouvi e não esqueci. O irmão falou que o verdadeiro folião não era o que se sacudia e vivia alucinações em três dias, os três dias oficiais de Carnaval. Folião, o verdadeiro folião, disse o marista, é a pessoa que canta o ano todo, dança o ano todo, ri e faz piadas o ano todo, tudo, é claro, dentro dos limites da educação e das circunstâncias do nosso cotidiano. Inesquecível. A maioria dos foliões se exaure, se desgasta em três dias e depois passa o ano todo emburrada, esperando por um novo carnaval. A psicologia passada pelo irmão marista era a de que temos que nos divertir todos os dias, fazer o nosso “carnaval” com bons modos e alegria “todos os dias” e não apenas diante de uma data do calendário. Se acharmos tempo todos os dias para cantar uma canção, para dançarmos no banheiro, na sala ou na cozinha, para contar uma piada dócil para o pai, para a mãe, para a companheira ou para o marido a vida será um espetáculo a superar os ritmos do Rei Momo, aliás, o Rei Momo virá morar em nosso coração, afinal, ele gosta de alegria, leveza e nada de barulhos estridentes das ansiedades e das vidas vazias. Muita gente não gosta do carnaval, direito da pessoa, mas todos gostam do carnaval da felicidade, pois não? Esse carnaval nos é possível todos os dias, como dizia o irmão Eusébio, o carnaval está dentro de nós, na paz e na alegria bem singela. Um carnaval para poucos!
INSEGUROS
Eu tinha uma baita simpatia pelos surfistas, até que… Fiquei sabendo que eles põem as surfistas mulheres a correr quando elas vão surfar em áreas em que eles costumam treinar. Pensei que fosse coisa de Florianópolis, onde esse vezo é muito comum. Não, não é coisa só de Florianópolis, é mundial. Essa discriminação dos inseguros foi mostrada no Canal Off. E sabes por quê? Eu sei, porque elas são melhores que eles quando entram pra valer no surf…
HIPOCRISIA
Um dos coordenadores do concurso de Miss Brasil disse numa entrevista em Porto Alegre que hoje não basta mais ser apenas bonita, é preciso que a candidata ao Miss Brasil seja uma mulher empoderada, que ajude o próximo, que levante a bandeira de uma causa social e que trabalhe pelas periferias e em prol das pessoas em necessidade… Ah, vão se deitar! Querem uma Madre Tereza de Miss Brasil, hipócritas?
FALTA DIZER
Só acredito no que vejo! Frase antiga e perigosa. Tendemos a ver o que queremos ver, e como você sabe a predisposição altera a percepção. A raposa dizia ao Pequeno Príncipe que o essencial é invisível para os olhos, só se vê com o coração. Prefiro dizer, só se vê bem com a “acuidade” do distanciamento…