Cadeira confortável – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

01/05/2024 - 07:05 - Atualizada em: 30/04/2024 - 17:06

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Você sabe qual a cadeira mais confortável que existe? Perfeito, resposta correta, a cadeira mais confortável que conhecemos é a cadeira da “zona de conforto”. Todos temos alguma corda nos apertando o pescoço, nem sempre essa corda foi posta por nós mesmos, mas por outros, ou pessoas da família ou alguém próximo. A zona de conforto na vida é a zona da acomodação, tenho alguns pepinos a resolver, mas vou deixando para amanhã, vou esperando ela voltar, vou aguardando aquele aumento que nunca saí lá no trabalho, vou esperando, enfim, que mude o governo. Levianos vivem assim. Muita gente. A zona de conforto se confunde com rotina, com a aparente boa rotina. A encrenca está em que para sair da zona de conforto precisamos arregaçar as mangas confortáveis e partir para a luta, muito suor, obstinação e uma fé pétrea, do tipo vai dar certo, tem que dar. E com essa determinação, sim, vai dar certo, desde que nos mexamos, façamos alguma coisa, a zona de conforto é uma cadeira confortável, daquelas de balanço. Onde o sapato está apertando? Todos sabemos, mas enfrentar o problema, sair da zona de conforto, exige ações, sacrifícios. Agora, é preciso que fique muito claro, todos os nossos problemas, todos, são coisas nossas, ou porque os criamos ou porque os internalizamos como nossos, mesmo não os sendo. Seja como for, esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer, cantava Geraldo Vandré. Quem já enfrentou fortes barreiras na vida, não se acomodando à paz aparente de até então, mas sonoras frustrações, sabe o que é sair da zona de conforto. Inúmeros estudos já foram feitos com pessoas aposentadas. Quase todas, ao início da aposentadoria sorriam felizes, ah, que beleza, um feriado sem fim daqui para frente…! Era, e é, o que dizem os “inocentes”. Tempinho após essa aposentadoria, a maioria começa a se queixar da rotina sem graça, dessa zona de conforto que nunca termina. Não tendo com que se ocupar, os até então felizes aposentados começam a criar, inconscientemente, doenças, doenças que os vão fazer sair da ilusória zona de conforto. Vão ter então o que fazer: cuidar da saúde, quando poderiam continuar saudáveis num trabalho prazeroso, sem falsas zonas de conforto. Luz na cabeça é para bem poucos…

VIDA

Desesperados com a consciência da finitude, os humanos inventaram histórias. Uma dessas histórias é a do destino. Ninguém escaparia ao destino, uma baita bobagem, afinal, quem teria escrito esse destino? Teria que ser uma força demoníaca, afinal, alguns teriam o destino rico e outros pobres, uns saudáveis e outros enfermos, diferenças boas e más traçadas por alguém para o nosso destino. Baita besteira. Mas em função desse destino, os humanos inventaram histórias para viver mais. Já digo.

PRESSA

Se houvesse destino previamente traçado ninguém escaparia, era cumprir o destino e dar o apito final logo após. O que inventaram os humanos? O combate à pressa. Se você tem um destino, um roteiro a ser cumprido, quanto menos pressa você tiver nos seus encargos existenciais mais tempo vai viver. É só pensar. Dizem que a pressa é inimiga da perfeição, mas se houvesse destino ela seria amiga da vida mais longa. É só pensar.

FALTA DIZER

Assunto recorrente? Paciência. Esse recorrente é o nosso passado. Perda de tempo e sofrimento ficar remoendo o eventualmente bom passado que tenhamos vivido. Passou, não voltará. Ninguém vai melhor os maus momentos de agora suspirando pelo bom passado vivido. É daqui para frente, depende de nós trocar os móveis do pensamento… Brechó com eles…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.