Que a chamada “Brasil, você é um todo” abrace esta nação extraordinária,cuja força não está na uniformidade, mas na rica tapeçaria de suas diferenças regionais. E de bike isto fica mais evidente.
À primeira vista, a ideia de pedalar mundo afora parece devaneio de aventureiros desvairados: desgaste físico, desconforto (sol e chuva) e riscos enormes (acidentes e assaltos). Mas, compensa, vejamos !!!
Viajar de bicicleta é uma maneira fantástica de conhecer o mundo: contato direto e profundo com a cultura, o cotidiano, a natureza e as pessoas locais, tudo isto aguçando os sentidos.
A bicicleta, não isolando sons, cheiros, vento, temperatura e umidade, torna o ambiente e seus habitantes muito mais ‘palpáveis’, apresentando a vida como ela, de fato, é. Bem diferente de vê-la pela janela de um veículo, hotel, resort, restaurante ou shopping.
Este articulista, que desde 2004 ‘gira o mundo’, de bicicleta, estará, entre 13.02 e 27.02.24, fazendo a última ligação entre capitais de estado brasileiras, desta feita entre Campo Grande/MS, Cuiabá/MT e Belo Horizonte/MG, cerca de 3.000 km.
De suas bike jornadas norte-sul (da Guiana Francesa/Oiapoque ao Uruguai/Chuí) e oeste-leste (do Peru/Acre à Paraíba/Ponta do Seixas), ele consolidou uma certeza, por ter vivido o país, “de cabo a rabo”: o movimento “O Sul é o Meu País”, aquele que defende a separação dos estados do sul do restante da federação, com base no mote “chega do sul-sudeste carregar o norte-nordeste nas costas”, deveria “mofar”.
Atendo-se às questões econômicas, as regiões norte e nordeste são riquíssimas em matérias-primas, como cana-de-açúcar, algodão, frutas, cacau e tabaco, próprias para a fabricação de produtos como açúcar, álcool, têxteis, sucos, chocolates e alimentos, por exemplo.
Além disso, destacam-se na extração mineral, especialmente sal e derivados de petróleo, e transformam-se, rapidamente, em expressivos geradores mundiais de energia eólica e solar. Ainda, a tal ‘bioeconomia’ está tirando, definitivamente, a Amazônia das discussões ambientais.
Mas, o que falta, afinal, para que os impostos do sul deixem de ter que sustentar a subsistência do norte-nordeste ?
De cara, valores e princípios (baseados no trabalho, determinação e empreendedorismo) à população do norte e nordeste, algo que os imigrantes europeus não lusos, trouxeram de suas origens e os mantiveram como “mochilas mentais” intransferíveis, ao colonizar o sul do Brasil.
E, tão importante quanto, ainda a educação/escolaridade, a semente que planta o futuro de um povo, pois sem ela, estar-se-á tentando colher frutos em um terreno estéril, como que esperando milagres de um solo não cultivado.
Enfim, o sul do Brasil, mesmo considerado um país à parte dentro do país, não pode aderir a ideias separatistas como o ”O Sul é o meu País”, ignorando a riqueza (mineral e energética) e a problemática (em valores e educação) dos seus coirmãos norte e nordeste.
Em síntese, que a chamada “Brasil, você é um todo” abrace toda esta nação extraordinária, cuja força não está na uniformidade, mas na rica tapeçaria de suas diferenças regionais. Ou seja, que a unidade na diversidade não seja apenas um ideal, mas sim, uma realidade viva e pulsante … melhor, pujante !!
Por fim, muito obrigado, minhas queridas bikes companheiras, desde a Caloi 10 (de R$ 700,00) à Rocky Mountain (R$ 46.000,00), herdada do meu maior e saudoso amigo Dorival Gruetzmacher (*1948-+2021).