A semana começa com o julgamento de Jair Bolsonaro e de outros personagens arrolados no fantasioso “golpe de Estado” de 8 de janeiro. Provavelmente, entre quarta e quinta-feira, teremos a oportunidade de ver Jair Bolsonaro, inquirido por Alexandre de Moraes, se manifestar e se posicionar.
Agora, aproveitando o gancho do julgamento do ex-presidente, já registramos aqui que, desde sua derrota para Lula da Silva, ele vem batendo na tecla da importância da eleição ao Senado.
Sob essa ótica, Bolsonaro tem percorrido o país e mapeado os candidatos em praticamente todos os estados da federação.
Em Santa Catarina, não seria diferente. Até porque, nas últimas duas eleições, o estado proporcionou votações espetaculares para o ex-presidente. Considerando os principais colégios eleitorais do país, o resultado mais avassalador a seu favor, tanto na vitória de 2018 quanto na derrota nacional de 2022, foi aqui.
Proximidade
Agora, transpira que Jorginho Mello, que esteve na semana passada em Brasília, conversou com Jair Bolsonaro, e ficou estabelecido que cada um indicaria um candidato ao Senado.
Fortíssima
O nome de Jorginho Mello, todos já sabem. Ele declarou, mais de uma vez, sua preferência pela recordista de votos na eleição proporcional: a deputada federal Carol De Toni, do PL.
Há, contudo, um porém. O governador imaginava ter autonomia para usar a outra vaga ao Senado — assim como fará em relação ao candidato a vice-governador — para compor com os vários partidos que estão orbitando seu projeto de reeleição.
Governistas
Inclusive dois desses partidos que já integram seu governo: PP e MDB, tradicionais adversários na política catarinense ao longo dos últimos 40 anos.
Importação
Só que Jair Bolsonaro sinalizou que deseja lançar o 02, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, como candidato ao Senado — aqui em Santa Catarina.
Restrição
Isso restringe a margem de manobra do governador, mas, evidentemente, Jorginho não teria como apresentar objeção.
Cabo eleitoral
Primeiro, porque Carlos é filho do ex-presidente. Segundo, porque Jair Bolsonaro é o grande eleitor de Santa Catarina. É, de fato, o maior cabo eleitoral do Brasil — mas especialmente entre os catarinenses.
Colados
Naturalmente, vem à mente do atual governador que a presença de Carlos Bolsonaro pode reforçar ainda mais seu vínculo com o ex-presidente, consolidando o apoio de Bolsonaro à sua reeleição.
Partidos
Mas, por outro lado, essa imposição pode empurrar a Federação União Progressista — que reúne PP e União Brasil — para os braços de João Rodrigues, o pré-candidato do PSD ao governo do estado.
Figura histórica
Até porque Esperidião Amin estará sendo preterido. Nessa condição, PP e União Brasil podem se reorganizar e manter de pé a pré-candidatura de João Rodrigues — que, no momento, “está batendo pino”.
Fatiado
Nem mesmo o PSD está todo com ele. Rodrigues não tem outro partido formalmente em sua coligação. Assim, a federação seria sua salvação.
Na última quinta-feira, em Criciúma, ele repetiu o formato do evento de 22 de março, em Chapecó.
Evento caseiro
Foi um evento praticamente só com pessedistas.
Houve quem considerasse importante a presença no palco de nomes como o ex-governador Eduardo Moreira e o suplente de deputado federal Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro. Mas Eduardo Moreira já não tem votos nem para vereador.
Migrando
Vampiro ainda mantém alguma base eleitoral, e sua presença se justificaria pela possível filiação ao PSD.
Geovania de Sá (PSDB) esteve presente, por ser de Criciúma. Mas, dependendo do que o PSDB decidir adiante, ela terá que seguir.
Federação
Provavelmente, será formalizada a federação entre PSDB e Podemos, já aprovada pelos tucanos. O Podemos, hoje, está alinhado com Jorginho Mello.
Esquerda
A cúpula do PSD também celebrou a presença de Rodrigo Minotto, do PDT, que é de Criciúma.
Mas o PDT, lá na frente, estará com a esquerda.
Rebeldes
Subiram ao palco os deputados do União Progressista: Serginho Guimarães, do União Brasil (opositor do governo na Alesc), e Pepe Colaço, do PP.
Guimarães é de Palhoça, a caminho do Sul do estado. Pepe é de Tubarão.
Capital
Já no campo do PSD, é notável que Topázio Silveira Neto não compareceu. Raimundo Colombo também não.
Assim como diversos prefeitos — quantos, exatamente? Nada foi divulgado.
Viabilidade
Ou seja, essa articulação nacional de Jair Bolsonaro pode até fortalecer eleitoralmente a caminhada de Jorginho Mello, mas, indiscutivelmente, também pode viabilizar a pré-candidatura de João Rodrigues.
Porque, sozinho com o PSD, ele teria o mesmo destino que teve Gean Loureiro em 2022: uma candidatura pesada, cara e fracassada.