O governador Jorginho Mello aproveitou sua passagem por Brasília também para cumprir uma agenda política essa semana.
Primeiro, prestigiou a reunião do Fórum Parlamentar Catarinense sobre obras rodoviárias prioritárias para os catarinenses, continuando a pressão sobre o governo Lula para a liberação de recursos. E a pauta política? Com Jair Bolsonaro. Na quinta-feira, fez duas semanas de seu desembarque no Brasil. Jorginho, assim como os demais governadores, tomaram posse no dia 1ᵒ de janeiro. O ex-presidente, que não passou a faixa ao sucessor, viajou para os EUA no dia 30 de dezembro. Trocando em miúdos: foi a primeira rodada de Jorginho como governador junto ao líder da direita neste país.
Serenidade
O catarinense encontrou um Bolsonaro tranquilo, sereno, bem diferente do ânimo do então presidente naquele período entre a eleição e sua viagem ao exterior, marcado pela tensão e desânimo.
Viés
Jorginho Mello gostou da conversa com o ex-presidente. Bolsonaro sinalizou que assim que baixar a temperatura ele deve iniciar um roteiro pelo Brasil. Quer começar por Santa Catarina. Afinal de contas, é um estado essencialmente bolsonarista.
Relevância
Tirando pequenas unidades federadas do Norte do país, SC é o estado relevante onde Bolsonaro novamente foi melhor votado nas eleições do ano passado.
Partidarismo
Pensando no fortalecimento do PL, o governador projeta usar o prestígio do ex-presidente para reforçar as fileiras liberais no pleito municipal do próximo ano.
Termômetro
Afinal de contas, a eleição municipal é uma prévia do pleito nacional e estadual de 2026. O partido precisa ganhar mais corpo de olho já na eleição seguinte na qual, seguramente, Jorginho Mello será candidato à reeleição.
Cerco
Quanto a Jair Bolsonaro, a realidade é diferente. O que se observa nos movimentos do Ministério Público e do TSE são lances que apontam para a inelegibilidade do ex-presidente nas próximas eleições.
Tirando do jogo
Evidentemente que não vão prendê-lo. Bolsonaro também não deve ser condenado, ações que poderiam martirizá-lo assim como ocorreu com Lula da Silva. Tirá-lo da disputa eleitoral é o mínimo que o status quo, que esse sistema do Judiciário Brasileiro, prepara.
Liderar a direita
De modo que o PL terá que examinar outras alternativas para as próximas eleições. Bolsonaro se elegeu no antipetismo. Vivemos sob Lula III que voltou na onda antibolsonarista.
Projeto
Para 2026, quem sabe o país possa tentar uma solução que fuja um pouco dessa disputa muito personalizada nas figuras de Lula e Bolsonaro.
Composição
Michelle Bolsonaro é uma possibilidade para compor chapa, como uma representante do bolsonarismo. Seria preciosa para assegurar votos cativos do ex-presidente.
Dupla
Quanto ao cabeça de chapa, será o caso de se verificar, lá adiante, quem estará em melhores condições. Romeu Zema, que já cumpre o segundo mandato em Minas Gerais, vai se cacifando. Está filiado ao Novo, mas se especula a possibilidade de migração dele ao PL.
Carioca-paulista
Ou Tarcísio de Freitas, carioca que foi estimulado pelo próprio Bolsonaro para disputar em São Paulo e ganhou a eleição no principal estado da federação. Foi ministro da Infraestrutura no governo anterior.
Siglas
Freitas está no Republicanos, mas poderia também ir para o PL. Ele está no primeiro mandato, Zema já no segundo. Tudo vai depender da intenção de voto lá à frente. Os dois poderiam formar uma dobradinha, a volta da política café com leite, ou um dos dois na cabeça com Michelle de vice. A questão partidária é assunto para o futuro.
Força
Mesmo inelegível, Bolsonaro seria um cabo eleitoral estratégico para 2026. Isso passará, também, pelo desempenho do atual governo. Esses primeiros 100 dias foram desastrosos, decepcionantes, a começar pelo presidente, mais perdido do que cego em tiroteio.
Protagonismo
Não resta a menor dúvida que o ex-presidente terá uma participação eleitoral importante na próxima disputa. Assim como o estado, considerando-se que o bolsonarismo elegeu os últimos dois governadores na província.
Ondas
Ano passado, a onda foi ainda mais forte. O partido de Bolsonaro elegeu o governador, a vice, o senador, seis deputados federais e 11 estaduais. Santa Catarina é sempre vista como estratégica e terá papel fundamental no contexto nacional do PL.