Baixar o dedo – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

01/10/2024 - 07:10 - Atualizada em: 30/09/2024 - 09:01

Isso mesmo, muitos de nós temos que baixar o dedo, esse dedo safado que aponta culpados para os nossos tombos e crises na vida. Sempre haverá alguém no nosso horizonte a merecer, por nossas decisões, um dedo apontado: ele é o culpado, ela é a culpada. E nós? Somos inocentes indefesos, coitadinhos! Coitadinhos uma figa. Quando o sapato está apertado sabemos o que fazer: esperar que o sapato se ajuste aos nossos pés ou tirá-los. Decisão nossa. Vale para tudo na vida. Ninguém é obrigado a ficar num casamento infeliz, ninguém. E sem a desculpa esquálida do – “Ah, não me posso divorciar, tenho meus filhos para criar, cuidar”! Frase quase só das mulheres. Os homens simplesmente pegam a trouxa e dão no pé quando não querem mais a relação, picam o burro! E no trabalho quantos apontam o dedo para acusar o chefe de explorador ou de assediador? Tanto uma coisa como a outra tem a ver com a pessoa explorada ou assediada. Insatisfação com o trabalho? Levantar, pegar a bolsa e cair fora, sem olhar para trás. No futebol não dá mais para agüentar a terceirização da irresponsabilidade. O time perde dois ou três jogos e o treinador é demitido, é dele a culpa das derrotas. Terceirização pura, a culpa é dos indolentes dentro do campo, tanto que quando o treinador é trocado o novo técnico ganha três ou quatro jogos seguidos, por quê? Porque os jogadores se esforçam mais para ganhar os bons olhos do novo treinador e garantir suas titularidades. Que os ordinários enganem a torcida, não a mim. Um outro come de tudo um pouco, sem cuidados com a saúde do corpo. Esvazia pratos de comidas envenenadas, dana a saúde com doenças graves e… A culpa é da genética, é disto ou daquilo. E não é da própria pessoa, pessoa descuidada ao se alimentar? Já nem falo em eleições, onde 99% dos eleitos não valem nada, mas… Foram eleitos “democraticamente” pelo povo, tudo dentro da lei. E quando digo 99%, deixo a porta aberta para os éticos e responsáveis, todavia… A multidão dos safados passa por essa porta, dão-se o passaporte da honestidade. Culpa de quem? Dos que terceirizam tudo. Cuidemo-nos!

EXEMPLOS

Falei em apontar o dedo? Duvido que aqueles rapazes apontem o dedo para quem quer que seja senão para eles mesmos. Acabei de ver no Canal Off um documentário sobre skatistas sem braços nem pernas. Rapazes e veteranos. Santo Deus, que admiração! O que eles fazem sobre o skate envergonha a qualquer um “saudável”, desses que não sabem nem se limpar, mas vivem se queixando de tudo, são “inteiros” só na aparência, fracassos existenciais.

REPETIÇÃO

Acabei de assistir um programa na TV Assembléia, SC, falavam de saúde mental e… Lá pelas tantas veio a discussão sobre “Burnout”, a tal exaustão psicofísica provocada pelo trabalho. Baita desculpa dos enfastiados do trabalho. O que cansa, exaure, não é o trabalho, é a desqualificação da pessoa e o seu enfado por aquele trabalho. Tratamento? Criar vergonha, qualificar-se e crescer…

FALTA DIZER

Um dos casamentos mais difíceis na vida é o casamento com a atividade profissional, pelos menos para a maioria. Várias pesquisas, a última veio da CNN Brasil, fazem-nos saber que apenas 10% dos diplomados, se tantos, vão mais tarde exercer a atividade do diploma. Por quê? Respondo: não houve um “casamento” com o diploma, imaturidade na escolha e frouxidão nas dificuldades. Que os pais conversem olho no olho com os filhinhos, bem cedo.

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.