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Aumenta a percepção de corrupção com Lula 3 – Deltan Dallagnol

Por: Deltan Dallagnol

31/01/2024 - 06:01

 

Nesta última terça (30), a Transparência Internacional divulgou que o Brasil caiu dez posições no ranking do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), saindo do 94º lugar para o 104º, entre 180 países avaliados. Lula, que foi condenado por corrupção em três instâncias durante a Lava Jato, já pode comemorar este feito do seu governo: impulsionou o protagonismo global do Brasil como país da corrupção.

A pontuação do Brasil no ranking da Transparência Internacional é um vexame. O Brasil tinha 38 pontos em 2022 e agora caiu para 36, ficando abaixo da média global (43 pontos), da média regional das Américas (43 pontos) e da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países mais ricos do mundo, que é de 66 pontos. Nossa “democracia inabalada” ficou abaixo até mesmo da média de países considerados “democracias falhas” (48 pontos).

Bastou Lula voltar à presidência para que, em apenas um ano, a percepção de corrupção no Brasil desse um salto, como a Transparência Internacional apontou agora no relatório. E não faltaram motivos, nesse primeiro ano do governo Lula 3, para justificar a significativa piora do Brasil no ranking global de percepção da corrupção, a maioria relacionada às escolhas e decisões de Lula que aumentaram a imagem negativa do Brasil.

O Lula 3 já começou mal: 67 pessoas que já haviam sido investigadas fizeram parte da equipe de transição. Nos ministérios, um terço de seus chefes já foram investigados. Lula escolheu como Secretário de Assuntos Federativos, que tem escritório no próprio Palácio do Planalto, um ex-deputado investigado por rachadinhas. Quebrando sua promessa de início de mandato, manteve nos cargos ministros encrencados na Justiça como Juscelino Filho e Daniela Carneiro.

Tem muito mais. Lula minou a lei das estatais, criada para evitar desvios após a Lava Jato, e aparelhou tais empresas politicamente. A CGU de Lula diluiu o setor de combate à corrupção. Lula fugiu da lista tríplice na escolha do novo PGR. O presidente da Petrobras apontado por Lula disse que a diretoria de controle é um “entulho da Lava Jato” e retomou investimentos bilionários na Refinaria Abreu e Lima. Discursando nessa refinaria, aliás, Lula afirmou que a Lava Jato seria uma armação dos americanos.

Lula também está cuidando de fazer os empreiteiros felizes com políticas que, no passado, não se comprovaram eficazes, mas serviram para muito desvio de dinheiro público. Nesse contexto, Lula lançou o programa Nova Política Industrial, vulgo “make Odebrecht great again”, e uma política de financiamentos subsidiados. Além disso, partidos da base aliada do governo – pasmem, é surreal – pediram ao STF que impedisse as empresas que confessaram corrupção de devolver o dinheiro que concordaram em pagar.

Cristiano Zanin, ex-advogado de Lula na Lava Jato, foi escolhido para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, que prejudicou a imagem de imparcialidade da mais alta corte do país e gerou críticas fortes, inclusive no cenário internacional. A ele se somou outro crítico da Lava Jato, apontado por Lula: o comunista Flávio Dino. O palco está pronto para vermos o enterro de vez da maior operação de combate à corrupção de nossa história.

O relatório da Transparência Internacional dá destaque para as decisões do Supremo que, aliás, contribuem para esse enterro. O ministro Dias Toffoli anulou provas do acordo de leniência da Odebrecht, enterrando evidências de corrupção contra 415 políticos diferentes de 26 partidos, e suspendeu a multa de mais de R$ 10 bilhões do acordo de leniência da J&F, empresa dos irmãos Batista, que tem como advogada justamente sua esposa.

Enquanto o Brasil só retrocede e piora no combate à corrupção, o sistema e seus porta-vozes na imprensa querem que você acredite que o grande problema do Brasil são os réus do 8 de janeiro, quando, na verdade, o maior risco à nossa democracia vem do projeto de poder do PT, que no passado fez de tudo, inclusive corrupção, para permanecer no poder, e dos abusos de autoridade cada vez maiores do STF. A única democracia que o sistema conhece e aprova é aquela em que eles podem roubar à vontade, sem uma Lava Jato para atrapalhar.

 

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