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“Ativismo de sofá e ativismo de verdade”

Por: Raphael Rocha Lopes

14/12/2021 - 13:12 - Atualizada em: 14/12/2021 - 13:35

“♫ Se alguém já te deu a mão/ E não pediu mais nada em troca/ Pense bem, pois é um dia especial” (Dia Especial, Pouca Vogal).

Com a internet, muitas pessoas passaram a praticar o ativismo. Ou, pelo menos, a dizer que são ativistas da causa A ou B, ou de várias. Antes de tudo, é necessário entender o que é ativismo. Do ponto de vista filosófico, é a doutrina que defende a prática em detrimento da só especulação. Em um viés mais popular, pode-se dizer que é o engajamento em prol de alguma causa (social, animal, política, etc.).

Ativismo existe desde sempre. O crescimento e a popularização da internet, contudo, trouxe outras perspectivas e outros limites. Agora é possível, de trás de um teclado, criar ondas de manifestações a favor ou contra qualquer coisa.

Há muita gente engajada de verdade e há muita gente que se diz engajada por uma questão de culpa ou de necessidade de pertencimento.

Corpo a corpo

Antes da internet, porém, para o engajamento ganhar força e corpo era necessário ir às ruas, mobilizar as pessoas no corpo a corpo, ter acesso aos meios de comunicação para repercutir a ideia ou ter a sorte de encontrar algum famoso ou celebridade que simpatizasse com a causa.

A internet criou uma nova modalidade: o ativismo de sofá. A expressão pode parecer um pouco pejorativa, e se refere aos ativistas de redes sociais, ou seja, aquelas pessoas que compartilham postagens ou tuítes, apoiam abaixo-assinados digitais, promovem hashtags.

O lado pejorativo da expressão decorre do fato dessas pessoas, como pode se supor, fazerem tudo isso do sofá e do conforto de casa, sem os riscos que o corpo a corpo traz, denotando uma certa preguiça.

Será verdade?

O ativismo digital, afinal, tem resultados? O que pode, inicialmente, parecer um trabalho de gente que não larga o conforto de casa, que tem preguiça ou medo de enfrentar a dura realidade das ruas, está, na realidade, se transformando num mecanismo muito eficiente de trazer à baila discussões importantes e sem, necessariamente, ter apoio das grandes mídias.

Fazer ativismo digital eficiente dá trabalho, não pode mais ser considerado coisa de preguiçoso. E nem de medroso. Com as milícias digitais que se veem por aí, defender uma causa pode significar ameaças de morte para si e para sua família, e verdadeiro risco ao se colocar o pé fora de casa.

O exemplo mais recente de ativismo digital que tem dado resultado vem do trabalho do Sleeping Giants Brasil. Provocando a ira, principalmente dos radicais de direita e de esquerda, a organização combate discursos de ódio e desinformação que assombram a internet. Conhecer o trabalho e a trajetória deles ilustrará o quanto o ativismo de sofá, ou melhor, o ativismo pela internet, ganhou proporção muito mais séria do que se tinha no início da grande rede.

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.