As linhas tortas da vida – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

25/06/2024 - 07:06

Há certos aforismos, provérbios, que nos atiçam a admiração por seres humanos. Pessoas que em momentos especiais suspiram uma frase para atravessar os séculos, como, por exemplo, a frase que diz que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Pode-se dizer de outro modo: – “Os mistérios da vida manifestam-se por linhas tortas”. Foi o que pensei ouvindo, dia destes, um flagelado das enchentes gaúchas. Um senhor de 83 anos que perdeu tudo o que tinha. Foi levado de casa para um abrigo, abrigo com centenas de pessoas na mesma situação dele, isto é, pessoas sem nada. Entrevistado por uma repórter de televisão, diante da pergunta “como é que o senhor se sente”?, o idoso respondeu: – “Nunca me senti tão bem na vida, estou muito feliz”. Espere… O cara tem 83 anos, perde tudo, vai para um abrigo e diz que nunca se sentiu tão feliz? Aí tem… Foi o que pensei. Deus escreve certo por linhas tortas? Então, vamos lá. Duas hipóteses para que o idoso tenha dito o que disse, a primeira é que ele morava sozinho e agora, no abrigo, estava cercado de pessoas “iguais” a ele. E isso é uma benção para quem se vê sozinho na vida, é Deus escrevendo certo por linhas tortas. E a outra hipótese pode ser que o idoso não tivesse paz em casa com a família, e agora, longe dos familiares, estava numa boa. Pode ser. De qualquer modo seria Deus escrevendo certo por linhas tortas. Fora dessas duas hipóteses, o idoso devia estar demente, onde já se viu perder tudo, ter a idade dele e dizer-se feliz num abrigo, longe de casa? Mas é isso, Deus, ou a vida, escreve mesmo, muitas vezes, por linhas tortas. Vale para nós. Quantos tombos levamos na vida e depois dos tombos chegamos ao pote de uma felicidade? Os tombos ajudaram? Bem possível. E vem também dessas hipóteses da vida aquela outra frase popular, o provérbio que diz que a Esperança é a última que morre. Sem discussão. Enquanto estivermos respirando, sim, a esperança pode bater à nossa porta e nos entregar o presente sonhado. Mas fiquei pensando naquele idoso… Aí tem, como é que alguém se sente feliz longe de casa, sozinho e depois de perder tudo? Hummm…

CURTA

Foi no “Canal Curta” que a conheci, canal de tevê que trata de cinema, produções etc. Ela é Alice Gonzaga, tem 84 anos, escritora, produtora e diretora de cinema. Desde menininha fazia pesquisas, anotava tudo, recortava jornais sobre artistas e cinema. Ela mostrou os arquivos. Um sucesso de mulher. Começou cedo, ninguém a pressionou. É o que digo, nossa carreira na vida ou começa cedo, na infância, por amor, ou vai ser de empreguinhos por salário. Frustração pura.

TRETAS

Vamos supor… Você cria um reality na televisão. Vários participantes. Ao longo do programa, muitos serão cortados, tudo por votação do povo. Prove-me que o resultado é honesto, que o povo decidiu mesmo? Tudo treta, os escolhidos para finalistas e vencedores são da vontade da tevê. É o “eu” penso, não nasci ontem. Sei que pesquisas honestas só entre os anjos, e como os anjos não andam por aqui, os trouxas engolem tudo…

FALTA DIZER

Escute o que diz a médica americana Gladys McGarey – “Ao contrário do que a comunidade médica diz, médicos não curam pacientes; apenas os pacientes podem se curar. A cura vem de dentro”. Pô, digo isso desde que nasci, e a Psicologia assina embaixo. Os bons, os verdadeiros médicos sabem disso. Quem…?

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.