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Artistas foram subornados para apoiar Lula – acusa Jojo Todynho. Entenda os 3 problemas disso – Deltan Dallagnol

Por: Deltan Dallagnol

27/11/2024 - 06:11

 

“Me ofereceram um milhão e meio para fazer propaganda quando o Lula veio a se candidatar a presidente. Eu falei que não. Foram oferecidos para várias pessoas, todos os artistas que fizeram campanha política ganharam dinheiro”, afirmou a cantora e influenciadora Jojo Todynho durante uma entrevista ao podcast da produtora Brasil Paralelo. A revelação bombástica feita por Jojo viralizou na internet, desencadeando uma série de questionamentos sobre as reais motivações dos artistas que apoiaram Lula em 2022.

Jojo, que recentemente declarou ser de direita — o que resultou em seu cancelamento pela esquerda progressista e identitária —, deu mais detalhes sobre como foi feita a proposta e quem mais teria recebido valores para apoiar Lula: “Ligaram, né, para não deixar rastro. Marcaram um almoço e falaram que era trabalho; quando cheguei lá, era isso. Eu falei: ‘Desculpa, gente, não vai rolar’. Todas as pessoas que fizeram campanha, as páginas de fofoca que me atacam, todo mundo ganhou dinheiro para fazer campanha”.

As revelações de Jojo são gravíssimas por diversos motivos. Vou destacar três. Em primeiro lugar, toda campanha política é obrigada, por lei, a divulgar suas receitas e despesas eleitorais na plataforma DivulgaCand, da Justiça Eleitoral. Não há, no entanto, qualquer registro de pagamentos a artistas na campanha de Lula em 2022. Isso indica que, caso a informação de que artistas receberam milhões de reais para apoiar Lula seja verdadeira, provavelmente os pagamentos foram feitos por meio de uma contabilidade paralela, omitida da Justiça Eleitoral — o chamado caixa dois, que configura crime.

O segundo problema grave diz respeito à origem do dinheiro supostamente utilizado para pagar artistas. Se esses valores não foram registrados e não saíram das contas oficiais da campanha, de onde vieram? Por acaso seria dinheiro público, desviado em esquema de corrupção? Ou se trataria de “doações” de empresas e empresários aliados, favorecidos em contratos públicos e obrigados a repassar parte dos valores ao PT, como já foi revelado pela Operação Lava Jato? Responder a essas perguntas é crucial, pois não apenas os recursos podem ter origem em esquemas de corrupção, mas seu uso para pagar artistas também pode configurar o crime de lavagem de dinheiro.

Por fim, o terceiro problema é o possível abuso de poder econômico. Estamos falando de valores milionários supostamente usados para financiar uma rede de artistas e páginas de fofoca que, juntos, alcançam milhões de eleitores. Isso pode ter causado uma interferência indevida de proporções gigantescas no processo eleitoral. Some-se que os subornos ocultos enganaram eleitores e seguidores dos influencers, camuflando a real motivação do apoio e manipulando eleitores.

Foi com base nesses três graves violações que enviei uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitando a abertura imediata de uma investigação sobre esses fatos que, sendo provados, demandam firme punição. Agora, é fundamental ouvir todos os artistas que apoiaram Lula oficialmente em 2022 e esclarecer: vocês foram pagos por isso? Se sim, por quem? Qual a origem desse dinheiro? E a que título esses valores foram pagos?

Podemos estar diante de um novo mensalão, desta vez envolvendo artistas. Caso esses pagamentos sejam comprovados, além dos possíveis crimes cometidos, o que ficará exposto para a sociedade será a corrupção moral de uma parcela da classe artística brasileira, que teria se vendido em troca de apoio político. Esses artistas, ao declararem publicamente seu apoio como se fosse fruto de suas convicções, teriam, na verdade, sido subornados. Seria a confirmação definitiva da famosa frase: “Não existe petista grátis”.

 

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