É fato, o brasileiro ainda possui um grande apego à tradicional caderneta de poupança. A pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro 2023, da Anbima, aponta que a poupança continua sendo a escolha de 26% dos investidores, mantendo-se na liderança popular. Em fevereiro de 2025, conforme o Banco Central, o saldo total de depósitos em poupança no país alcançou R$ 1,05 trilhão, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior.
A facilidade de acesso e a liquidez imediata são talvez algumas das razões que ainda a mantêm como a principal saída de investimento para quem busca, principalmente, guardar dinheiro. Mas a realidade é que a poupança tem se mostrado cada vez mais limitada, mesmo nisso. A maioria dos brasileiros ainda não tem consciência do quanto suas taxas de rendimento estão defasadas em relação ao que o mercado financeiro tem a oferecer. Se antes ela era a principal opção entre os rendimentos seguros, hoje está longe de ser a mais eficiente. Enquanto a poupança oferece ganhos tímidos, há alternativas com nível de risco controlado e com a possibilidade de uma rentabilidade muito mais interessante, possibilitando resultados melhores.
A recente elevação da taxa Selic para 14,25% ao ano, acompanhada de uma inflação em ascensão, coloca a poupança em uma posição cada vez mais desconfortável. Com a Selic acima de 8,5%, a regra de rendimento da poupança prevê 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR). Atualmente, a rentabilidade gira em torno de 6,17% ao ano, ainda abaixo de outras alternativas de renda fixa disponíveis no mercado e pouco atrativa quando comparada ao cenário de juros altos.
No atual contexto, a diferença entre a poupança e outras opções mais conservadoras de investimento se torna cada vez mais evidente. Estratégias diversificadas, que incluem títulos atrelados à inflação ou ao CDI, permitem equilibrar segurança e retorno de forma mais eficiente. Produtos como LCIs, LCAs e outros instrumentos de renda fixa podem se mostrar escolhas mais vantajosas para quem deseja preservar o poder de compra e fazer o dinheiro crescer, sem abrir mão da segurança.
A disparidade de rendimento entre a poupança e outras alternativas não é novidade, mas tem se ampliado nos últimos anos, especialmente com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic sucessivamente para conter a inflação. Em um cenário de juros altos, uma gestão de investimentos estruturada se torna ainda mais relevante, permitindo que o investidor aproveite melhor as oportunidades disponíveis no mercado. A segurança, afinal, continua a ser um critério importante para o brasileiro, que já viu sua economia passar por momentos de grande instabilidade. Mas é preciso perceber que a segurança não deve significar estagnação. É possível proteger o capital e, ao mesmo tempo, buscar um rendimento mais satisfatório.
Como uma reserva de emergência, apenas para necessidades imediatas, como a gestão do fluxo de caixa diário, a poupança ainda tem a sua função, mas para outros objetivos, existem escolhas muito mais assertivas e vantajosas. É importante que os investidores, especialmente o de perfil mais conservador, comecem a avaliar e se abrir a orientações para aproveitar outras oportunidades do mercado financeiro. A decisão de continuar na tradicional caderneta pode parecer confortável, mas não avaliar outras estratégias significa perder em crescimento patrimonial. E, no fim das contas, quando se trata do seu patrimônio, buscar mais e melhor nunca é demais.