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Almas gentis – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

16/03/2024 - 07:03

Não raro, nos oferecem comida logo após termos comido de modo satisfatório, quem nos oferece não sabe que tínhamos acabado de comer. Acontece com freqüência. O diacho é que essa comida que nos é oferecida foi feita ou buscada para nós por gentileza, por amor mesmo. E quando alguém nos traz comida sem saber que tínhamos acabado de comer, a pessoa que nos trouxe a comida fica frustrada. Isso acontece mais das vezes em casa. E dizendo isso, lembro-me de uma história que li há muito tempo, adolescência. É a história de um sujeito que passava todos os dias por um morador de rua, um mendigo de dar pena. O transeunte passava pelo mendigo e ficava deprimido com a cena. Decidiu, então, que todas as sextas-feiras ele levaria uma janta para o mendigo, mais ele não podia fazer. Decidiu e passou a fazer, todas as sextas-feiras, sem falta. O mendigo acostumou-se, sabia que nas sextas-feiras tinha uma janta garantida. O tempo foi passando, todas as sextas-feiras a mesma coisa. Numa certa sexta-feira, o transeunte generoso teve alguns problemas e não passou para levar a janta ao mendigo. O mendigo esperou, esperou e saiu então para arrumar comida. Arrumou, comeu e foi dormir. Tarde da noite, o mendigo foi acordado, o transeunte generoso chegou com a janta e explicou do seu atraso naquela sexta-feira. O mendigo estava de estômago cheio, não podia comer mais nada, mas nada disse ao generoso transeunte. Pegou o jantar que lhe foi levado e comeu ali mesmo, comeu tudo. O transeunte generoso ficou feliz, deu um abraço no mendigo e foi embora. Horas mais tarde, o mendigo teve sérios problemas estomacais, agonizou e morreu. Feita a autópsia, a causa da morte foi dada como excesso de comida, o mendigo havia comido demais. Mas o verdadeiro laudo da morte do mendigo foi outro: foi educação. Para não frustrar o seu transeunte generoso de todas as sextas-feiras ele comeu demais, aceitou a comida tardia para não ser indelicado. Morreu por delicadeza. – “Ah, Prates, história para boi dormir”! Até pode ser, mas é uma história a fazer-nos pensar antes de cometermos uma indelicadeza, uma grosseira com alguém que nos faz uma gentileza. O que não nos é raro…

DÚVIDA

Dúvida coisa nenhuma, certeza. Pelo menos é meu direito de pensar como penso. Vamos admitir que o jogador Daniel Alves, condenado por estupro na Espanha, tivesse a mesma acusação no Brasil, ele estaria preso, condenado? Bolas, só os ingênuos para acreditar nisso. Houve um caso parecido em Florianópolis e o acusado, um ricaço paulistano, foi liberado como um justo, inocente. Jogaram a culpa na estuprada. “Dinheristas” defendem até o demônio.

AMIGA

A notícia conta que eram as melhores amigas. Foi em Cuiabá, dia destes. As duas com 14 anos, uma delas, praticante de tiro ao alvo, pegou um revólver e deu um tiro no rosto da amiga. Matou-a na hora. Nos Estados Unidos ela pegaria perpétua, aqui livre e solta, é “criança”… A “defesa” disse que o tiro foi acidental. Diga isso na “minha” delegacia, diga… Não existe tiro acidental com arma apontada para o rosto de alguém. Isso não pode ficar assim…

FALTA DIZER

Deixe sair um pouco do oceano salgado das notícias… Vou lembrar do designer italiano Gianni Versace. Ele dizia que “Ser sexy não significa deixar o corpo à mostra. Uma mulher consegue ser sensual com um vestido de gola alta e mangas compridas”. Esse sabia das coisas. O sexy está na cabeça, nos modos… Em extinção…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.