Nos últimos meses, Jaraguá do Sul tem registrado um aumento preocupante nos casos de esporotricose felina, uma doença infecciosa, crônica e zoonótica que afeta principalmente os gatos, mas pode ser transmitida aos humanos. Considerada uma micose profunda, a esporotricose é causada pelo fungo do gênero Sporothrix, encontrado naturalmente no solo, madeira, espinhos de plantas e matéria orgânica em decomposição.
O que chama atenção é que a forma mais agressiva e transmissível da doença se manifesta nos felinos, principalmente aqueles que têm acesso à rua ou vivem em comunidades de gatos não domiciliados. A infecção ocorre geralmente por arranhões, mordidas ou contato com secreções de lesões contaminadas — o que torna o contágio entre gatos, e deles para humanos, um risco real.
Sintomas: atenção aos sinais
Nos gatos, os primeiros sinais da esporotricose são feridas na pele, geralmente não cicatrizantes, ulceradas e com secreção purulenta. Essas lesões costumam aparecer no focinho, orelhas, patas e cauda. Com o tempo, a doença pode evoluir, causando inchaço nos linfonodos (ínguas), emagrecimento e comprometimento do estado geral do animal.
É importante destacar que nem toda ferida no gato é esporotricose, mas qualquer lesão persistente deve ser avaliada por um médico-veterinário.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como cultura fúngica, citologia ou biópsia, que identificam o fungo. O tratamento exige comprometimento e paciência: utiliza-se antifúngicos por via oral, geralmente por vários meses, mesmo após o desaparecimento das lesões, para evitar recaídas. A interrupção precoce da medicação pode comprometer a cura.
Além disso, o animal deve ser mantido em isolamento domiciliar, com higienização frequente do ambiente e uso de luvas ao manuseá-lo, evitando o contato direto com as feridas.
Zoonose: risco para humanos
A esporotricose é uma doença zoonótica, ou seja, pode ser transmitida para humanos, principalmente por meio de arranhões ou contato com secreções de gatos infectados. Em humanos, as lesões também surgem na pele, podendo progredir e causar complicações se não forem tratadas. Grupos de risco, como crianças, idosos, imunossuprimidos e profissionais da saúde animal, devem redobrar os cuidados.
Prevenção e conscientização
A melhor forma de evitar a disseminação da esporotricose é a responsabilidade com os felinos, mantendo-os em ambiente seguro, evitando acesso à rua e providenciando atendimento veterinário imediato diante de qualquer ferida suspeita. A castração, controle populacional e campanhas de educação também são ferramentas fundamentais para o controle da doença.
A esporotricose é uma enfermidade séria, mas tem cura. Com diagnóstico precoce, tratamento correto e informação, podemos proteger nossos pets — e a nós mesmos — dessa ameaça silenciosa.